Estudantes da USP (Universidade de São Paulo) iniciaram na noite de 3ª feira (7.mai.2024) a organizar um acampamento para cobrar medidas de apoio à população palestina durante o conflito que se estende há 7 meses na Faixa de Gaza.
Trata-se da 1ª mobilização do tipo no Brasil desde que universitários dos Estados Unidos e de outros países ocidentais começaram a ocupar instituições de ensino para pedir o cessar-fogo do conflito.
Os alunos paulistas estão localizados na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e pedem uma manifestação oficial da USP pela causa palestina, assim como o fim de parcerias com universidades israelenses.
O movimento é organizado pelo ESPP (Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino). Nas redes sociais, recebeu o apoio da Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil), da Frente Palestina de São Paulo e da organização Sanaúd – Juventude Palestina.
Em publicações feitas por participantes no Instagram, é possível ver barracas espalhadas no vão do prédio de Geografia e História da universidade. Placas no local carregam palavras de ordem e slogans, como: “Lula, rompa todas as relações com Israel” e “Cessar-fogo em Gaza”.
Assista (36s):
Os estudantes também abriram um abaixo-assinado em que pedem “uma forte campanha de mobilização” pelo rompimento imediato de todos os convênios de cooperação acadêmica e científica com o “Estado sionista, genocida e racista de Israel”. Mencionam as parcerias com a Universidade de Haifa, a Universidade Hebraica e a Universidade Ariel.
Segundo os manifestantes, as instituições ajudam Israel a “desenvolver tanto a tecnologia empregada no genocídio palestino como as bases científicas e acadêmicas de sustentação da ideologia e do Estado sionista”. Até o momento, a iniciativa conta com 744 assinaturas.
O Poder360 entrou em contato com a USP para pedir um posicionamento sobre as manifestações registradas e aguarda resposta.
O movimento iniciado pelos estudantes da USP funciona de forma semelhante ao acampamento criado por estudantes da Universidade de Columbia, em Nova York. Os alunos norte-americanos se mobilizam desde 17 de abril para requisitar a desvinculação financeira e acadêmica de Israel.
A organização Estudantes da Columbia pela Justiça na Palestina acusa a universidade de ser “cúmplice” do “genocídio em Gaza”. Eles escreveram: “Retomar o nosso campus é a única e última resposta a uma instituição que não obedece nem as suas próprias ‘regras’ nem aos seus princípios éticos”.
No fim de abril, a universidade anunciou que começou a suspender estudantes que se recusaram a desocupar o acampamento. A presidente da universidade, Minouche Shafik, declarou que não cederá às demandas dos manifestantes.
“Embora a Universidade não vá desinvestir de Israel, ela se ofereceu para criar um cronograma acelerado para revisar novas propostas dos alunos pelo Comitê Consultivo para Investimentos Socialmente Responsáveis, o órgão que avalia questões de desinvestimento”, escreveu Shafik, em comunicado.
Fonte: Poder360