Estrelas gêmeas devoradoras de planetas podem gerar caos na Via Láctea, diz estudo

Uma estrela em processo de consumo de um planeta (concepção artística)
Uma estrela em processo de consumo de um planeta (concepção artística) — Foto: NG Images/Alamy

Detetives estelares identificaram sete estrelas gêmeas que consumiram um planeta. A descoberta levanta questionamento sobre o que se acreditava saber sobre a instabilidade de sistemas solares semelhantes ao nosso. O fato foi compartilhado em um estudo publicado na revista Nature, nesta quarta-feira.

A equipe encontrou 91 pares de estrelas semelhantes ao Sol e próximas da Via Láctea, utilizando o telescópio espacial Gaia. Observaram os movimentos desses corpos e identificaram que os eles sugeriam que as estrelas deveriam ter composições quase idênticas. Além disso, tais composições indicavam que esses corpos celestes haviam ingerido um planeta.

Fan Liu, astrônomo da Universidade Monash em Melbourne, na Austrália e co-autor do estudo, diz que a pesquisa sugere que cerca de 8% dos pares de estrelas semelhantes ao Sol na nossa região da Via Láctea, abrigam um devorador de planetas. E o número pode ser mais baixo que o real, pois os cientistas só levaram em consideração a ingestação de planetas rochosos, enquanto outras estrelas podem ter ingerido planetas gasosos semelhantes a Júpiter ou Netuno.

Ele também afirma que encontrar sinais evidentes de ingestão de planetas em estrelas com milhares de milhões de anos é “algo inesperado”. Atualmente, os astrônomos partem da crença que comer planetas é uma característica do início da vida de uma estrela, quando as órbitas planetárias são instáveis e as colisões prováveis. Mas essa descoberta recente aponta para ingestões relativamente recentes, algo em torno das últimas centenas de milhões de anos.

Assim, os detetives estelares discutem se os planetas podem ter encontrado sigo engolidos quando suas atmosferas em erosão os fizeram girar para dentro das estrelas, ou algumas delas podem ter capturado “planetas rebeldes”.

Jiranrong Shi, astrônomo dos Observatórios Astronômicos Nacionais de Pequim, conclui que os astrônomos deveriam examinar esses sistemas para se ter certeza da existência de algum exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) irmão. Além disso, a descoberta deve trazer alívio para humanidade, pois mostra que agora podemos dizer que “o nosso Sistema Solar não é apenas único, mas também, sem dúvida, pacífico”.

Fonte: O Globo

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