Especialistas em tecnologia na educação dizem que IA pode agilizar planos de aula em SP, mas defendem ‘uso crítico’

Governo de São Paulo anunciou uso de inteligência artificial para planejamento de aulas na rede estadual
Governo de São Paulo anunciou uso de inteligência artificial para planejamento de aulas na rede estadual — Foto: Bloomberg

Anunciado para a rede estadual de São Paulo, o uso de inteligência artificial (IA) na produção de aulas é visto como positivo por especialistas ouvidos pelo GLOBO. Eles ponderam, porém, que essas ferramentas devem ser usadas de forma crítica pelos professores. Nesta quarta-feira, o governo paulista afirmou que planeja implementar plataformas em turmas do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Segundo a Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP), os testes começam no fim de julho, quando se inicia o terceiro bimestre letivo do ano.

O professor Krerley Oliveira, coordenador do Centro de Excelência para Matemática e Computação para o Ensino Médio da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) —, afirma que apoia a iniciativa, desde que haja orientação sobre o uso.

— É uma ferramenta que os professores já devem usar, parece mais uma oficialização — avalia. — O uso da ferramenta deve ser de forma crítica, com treinamento dos professores sobre as limitações da tecnologia. É tão nova que nem os pesquisadores têm total domínio.

A proposta prevê que os professores curriculistas — que fazem o material pedagógico — vão dar os comandos à IA para a elaboração dos cursos. A secretaria afirmou ainda que o papel da IA será aprimorar as aulas já produzidas por estes educadores “com a inserção e novas propostas de atividades”. Segundo a Seduc-SP, o conteúdo gerado passará pela avaliação e edição dos professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de checagem de direitos autorais e de design.

O governador Tarcísio de Freitas defendeu a inovação em entrevista coletiva nesta quarta-feira, quando foi questionado sobre a mudança:

— Nada vai substituir o papel do professor. Você pode usar uma ferramenta que vai facilitar o esforço inicial, mas isso vai passar pela revisão, olhar e inteligência do professor.

Já Walter Lippold, pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Proprietas da UFF, diz que o ChatGPT pode comprometer a elaboração dos cursos:

— Isso precariza o processo de criação de disciplinas, já que o professor tem que ter conhecimentos bibliográficos. Nas versões gratuitas há criação ou erros ao produzir bibliografias. Além disso, o uso também eleva o perigo de desemprego tecnológico.

Fonte: O Globo

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