Espanha e Argentina trocam acusações sobre Javier Milei e Pedro Sánchez

Pedro Sanchez ao discursar no Congresso de Madri no último dia 12
Pedro Sanchez ao discursar no Congresso de Madri no último dia 12 — Foto: FOTO: Philippe MARCOU / AFP

A Espanha rejeitou, neste sábado, acusações da Argentina contra o primeiro-ministro Pedro Sánchez, de trazer “pobreza e morte” ao seu país, após as alegações de um ministro que sugeriam que o presidente argentino, Javier Milei, é usuário de drogas.

Tudo começou com os comentários do ministro dos Transportes espanhol, Óscar Puente, que sugeriu na sexta-feira que o presidente argentino havia tomado “substâncias”.

— Vi Milei na TV. E quando saiu (…) não sei se foi antes ou depois de ingerir substâncias (…) eu disse: ‘É impossível que ganhe as eleições. — declarou o ministro durante conferência organizada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). — Há pessoas muito más que, sendo elas mesmas, chegaram ao topo.

As declarações de Puente, nomeado ministro em dezembro, provocaram uma reação imediata da Presidência argentina, que numa dura declaração na rede social X acusou Pedro Sánchez de aplicar políticas que “levam pobreza e morte” ao seu povo.

“Sánchez (…) colocou em perigo a classe média com as suas políticas socialistas que só levam pobreza e morte”, disse o texto.

Buenos Aires acusou também o chefe do governo espanhol de ter “comprometido a unidade do Reino, concordando com os separatistas e levando à dissolução da Espanha”, em uma referência ao acordo político do PSOE com os partidos separatistas bascos e catalães para formar um governo em 2023.

No âmbito do acordo, o PSOE acompanhou e conseguiu a aprovação no Congresso de uma lei de anistia para os separatistas que participaram na tentativa de secessão da Catalunha em 2017, o que gerou uma rejeição frontal por parte da oposição de direita e de extrema direita.

“O governo da Espanha rejeita categoricamente os termos infundados da declaração emitida pela Presidência da República Argentina, que não correspondem às relações de dois países e povos irmãos”, disse o Ministério das Relações Exteriores espanhol em um breve comunicado neste sábado.

“O Governo e o povo espanhol continuarão mantendo e reforçando os seus laços fraternos e as suas relações de amizade e colaboração com o povo argentino, vontade compartilhada por toda a sociedade espanhola”, acrescentou.

A Presidência argentina acusou também Sánchez de ter “problemas mais importantes para resolver, como as acusações de corrupção que recaem sobre a sua mulher”, Begoña Gómez, que está sendo investigada por tráfico de influência e corrupção.

A investigação, que se encontra sob sigilo sumário, foi aberta após uma denúncia da associação “Mãos Limpas”, grupo próximo da extrema direita.

O Ministério Público pediu o arquivamento da investigação, mas o juiz responsável pelo caso ainda não revelou as suas intenções.

A acusação levou Sánchez a questionar a sua continuidade no governo, mas posteriormente o presidente confirmou que permaneceria no cargo e garantiu em uma carta que as denúncias eram “tão escandalosas quanto falsas”.

Milei embarcará dentro de duas semanas em uma viagem à Espanha onde participará, tal como fez em 2022, de um evento organizado pelo partido de oposição de extrema direita Vox, nos dias 18 e 19 de maio.

Durante a viagem, não se encontrará com Sánchez nem com o rei da Espanha, Felipe VI.

Fonte: O Globo

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