O que é ser médico no semiárido do Rio Grande do Norte? Essa é a questão que um grupo de docentes da Escola Multicampi de Ciências Médicas do RN (EMCM/UFRN) traz no livro Vivência Integrada na Comunidade: Implicações e desdobramentos na formação médica. As professoras Ana Luiza de Oliveira e Cristiane Spadacio, junto com os professores Diego Bonfada e Marcelo Viana da Costa, decidiram trazer esse e mais outros questionamentos como meio de divulgar a experiência dos estudantes da instituição. Lançada em 5 de setembro, a obra procura mostrar e incentivar a humanização da prática como profissionais de saúde.
A produção é baseada na perspectiva dos alunos de Medicina em relação a suas vivências no período em que eles participaram do projeto Vivência Integrada na Comunidade (VIC), presente na carga-horária obrigatória da EMCM desde 2014. Nele, são compartilhados todos os sentimentos pelos quais os estudantes passam durante a vivência. “Os módulos da VIC se configuram como internato longitudinal e caracteriza-se como uma estratégia de imersão na realidade do Sistema Único de Saúde de três municípios que compõem o eixo multicampi da instituição: Caicó, Currais Novos e Santa Cruz”, explica a professora-coordenadora da VIC, Ana Luiza de Oliveira.
De acordo com ela, foi criado um edital para a seleção dos textos para composição do livro e assim todos os estudantes de Medicina, que já haviam participado do VIC e que se interessaram pela ideia puderam submeter sua produção textual. O material, produzido em parceria com professores-orientadores, é construído como uma das formas de avaliação utilizadas nos módulos do VIC e recebeu o nome de Portfólio Crítico e Reflexivo. Para o livro, foram selecionados 13 portfólios elaborados por 12 estudantes e 11 professores da EMCM.
O projeto
O livro Vivência Integrada na Comunidade: Implicações e desdobramentos na formação médica foi construído com recursos recebidos através do prêmio INOVA-SUS 2015, em sua vertente da Gestão da Educação na Saúde, no qual o projeto VIC ganhou o segundo lugar na modalidade II da região Nordeste. Com a premiação, a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) passou a financiar o projeto da EMCM e possibilitou o desenvolvimento de novas ações com a comunidade do semi-árido norte-rio-grandense durante os anos 2017 e 2018, quando foi possível construir o livro.
O lançamento da produção foi realizado em 5 de setembro na Casa de Cultura Popular de Caicó. E como forma de compartilhar conhecimento e fazer com que as vivências desses estudantes cheguem ainda mais longe, estão sendo doados exemplares para bibliotecas de Universidades brasileiras. Além disso, cada setor de saúde do SUS em que os estudantes realizam os módulos da VIC receberá um exemplar. Segundo Ana Luiza, “é uma forma de agradecer aos 36 equipamentos de saúde em que nossos estudantes estão inseridos e pela formação profissional que vem recebendo”.
A obra também contou com o lançamento de sua versão on-line no mesmo dia, publicada pela Editora Rede Unida e que pode ser baixada aqui. O projeto VIC aposta na importância da vivência profissional dos futuros médicos com a comunidade. Com diversas temáticas, que vão desde a humanização da medicina até reflexões profundas do ser médico, é mostrada uma parcela do trabalho da EMCM no interior do Rio Grande do Norte.
Com a iniciativa focada na transformação da comunidade e dos estudantes de Medicina, o projeto se preocupa em estimular construção contextualizada no ensino desses alunos, para que eles se tornem profissionais conectados com o social. Assim, fornecendo um caminho mais humanizado na formação de médicos no sertão do Rio Grande do Norte.