Enquanto reforma da Barragem das Traíras não é concluída, moradores sofrem com perda de sustento e incertezas sobre o futuro

Após quase cinco anos do início das obras de recuperação, a Barragem das Traíras, situada na zona rural de Jardim do Seridó, continua sendo palco de desafios e incertezas para os moradores locais. Em uma entrevista concedida ao Sistema Rural de Comunicação neste domingo (17), Waldefran Souza de Medeiros, representante da Associação dos Moradores do Sítio Quipauá, compartilhou os impactos profundos que a reforma da barragem trouxe para a vida das pessoas que dependiam da pesca e da agricultura para sustento.

Antes das obras, Waldefran e muitos outros habitantes tiravam seus sustentos diretamente das águas da barragem, seja pescando ou cultivando. A pesca, em especial, representava a principal fonte de renda para ele e sua família, com todo o pescado de tucunaré sendo comercializado na feira livre de Caicó.

No entanto, com a incapacidade da barragem de acumular água devido às obras em andamento, Waldefran e outros viram-se obrigados a se reinventar. Ele passou a trabalhar como pedreiro e agora está empregado em uma empresa de mineração. Essa transição forçada reflete não apenas a perda de meios de subsistência tradicionais, mas também a necessidade de se adaptar a novas realidades econômicas.

As expectativas em relação à duração e ao impacto das obras foram frustradas ao longo do tempo. Inicialmente, acreditava-se que a reforma duraria cerca de um ano, mas, com quase cinco anos decorridos, os moradores enfrentam uma realidade de dificuldades crescentes. A incerteza em torno dos prazos de conclusão das obras e a promessa de um retorno à normalidade se tornaram fontes de frustração e desconfiança.

A demora na conclusão da reforma não apenas afeta a economia local, mas também compromete o abastecimento de água para as comunidades circundantes. A Associação dos Moradores do Sítio Quipauá tem enfrentado desafios significativos para garantir o acesso regular à água potável, com a operação intermitente dos sistemas de abastecimento.

O sentimento de perda e desilusão entre os moradores é palpável. A visão da água escorrendo pelas comportas da barragem, sem a capacidade de retenção adequada, é um lembrete constante das dificuldades enfrentadas. A esperança de um retorno à normalidade parece distante, especialmente diante da incerteza sobre a conclusão efetiva das obras.

Enquanto o governo promete concluir a obra estrutural da parede da barragem até o final deste mês e instalar o sistema hidromecânico e as comportas até junho, os moradores permanecem céticos diante dessas garantias. Para muitos, mais um ano se passa com a sensação de um tempo perdido, uma oportunidade desperdiçada para restaurar não apenas a barragem, mas também a vida das comunidades que dependem dela.

A esperança persiste, no entanto, de que um dia a barragem retorne à sua plena capacidade e as comunidades rurais possam recuperar não apenas suas fontes de sustento, mas também sua tranquilidade e prosperidade perdidas. Enquanto isso, a luta continua para os habitantes das áreas afetadas, que enfrentam desafios diários enquanto aguardam o tão esperado fim das obras e o retorno da normalidade às suas vidas.

Confira a entrevista

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