Preso suspeito de instalar câmera escondida no banheiro da casa de uma família em Anápolis (GO), o empresário Francismar Fernandes da Silva, de 36 anos, é o proprietário do imóvel. Ele já conhecia os moradores antes de locar a casa, sabia as idades dos membros da família e alegou precisar retirar um equipamento como pretexto para instalar a filmadora, que ficou no local por cerca de duas semanas e registrou a intimidade de adolescentes e crianças.
Dono de uma empresa que comercializa placas de energia solar, o homem tem acesso a diversas casas da região de Anápolis há aproximadamente cinco anos, segundo a Polícia Civil de Goiás, fato que reforçou a decretação de sua prisão preventiva. Natural de Canaã dos Carajás, no Pará, Francismar é casado e pai de uma criança. Nas redes sociais, compartilhava fotos com familiares e divulgava o trabalho na empresa Anápolis Energia Solar.
Imagens da câmera instalada pelo próprio Francismar mostram o momento em que ele manuseia o equipamento, no banheiro da casa alugada à família, e acaba se filmando, no dia 8 de fevereiro, às 9h50.
De acordo com a delegada Aline Lopes, responsável pelas investigações, a polícia acredita que o homem pode ter instalado câmeras em outras casas.
— Um dos motivos que ensejaram a prisão dele, além da gravidade em concreto do crime, é o fato de ele trabalhar com instalação de placas de energia solar há cerca de cinco anos aqui em Anápolis. Então ele teve acesso a inúmeras residências. A polícia tem razões para acreditar que ele pode ter instalado câmeras e possa monitorar outras residências também — explica.
Agora, segundo a investigadora, a polícia apura se, além de assistir, o homem também armazenava os vídeos — que eram transmitidos ao vivo — em outros dispositivos.
A instalação da câmera foi realizada pouco após a mudança da família para o imóvel, segundo a delegada. Ele foi até a casa e alegou precisar retirar o DVR de câmeras de segurança convencionais já instaladas no local. Nesta visita, pediu para usar o banheiro, e insistiu em ir ao banheiro social, onde imaginava que todos os membros da família tomariam banho.
— Ele ficou cerca de 10 minutos nesse banheiro, que é quando a gente acredita que ele instalou essa câmera, que ficava na tomada do banheiro, apontada, direcionada para o local onde os moradores tomavam banho — diz Aline.
Duas semanas depois, a adolescente da família, que tem 16 anos, não se sentia bem e decidiu não ir à escola. Por volta das 8h30, foi acordada por latidos do cachorro e levantou para verificar. Ao entrar no banheiro, para onde o animal latia, encontrou Francismar.
O homem deu uma desculpa, disse que um “sistema” havia caído e saiu em seguida, aparentemente nervoso. Desconfiada, a adolescente entrou no banheiro e notou que havia uma câmera instalada na tomada.
Após a descoberta, a família fez um vídeo da tomada onde estava instalada a câmera escondida e, em seguida, acionou a Polícia Civil.
— Fizemos a períci com a Polícia Técnica e Científica, e então foi confirmado que havia uma câmera instalada. Era uma câmera, digamos, artesanal, montada com peças de celulares, e ela transmitia em tempo real, gravava áudio e vídeo, e armazenava também parte das imagens num cartão de memória — diz a delegada.
Francismar deve responder por registro de conteúdo pornográfico envolvendo criança e adolescente, pelo registro de imagens dos adultos sem consentimento e por invasão de domicílio. A depender do resultado da perícia, segundo Aline, ele ainda pode responder por outros crimes.
Fonte: O Globo