Em meio a impasse com Kim, única candidatura do MBL em SP deve ser em cidade de 4,5 mil habitantes

MBL quer comandar prefeitura de Meridiano (SP)
MBL quer comandar prefeitura de Meridiano (SP) — Foto: Reprodução

Diante da dificuldade de emplacar o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) na disputa pela prefeitura de São Paulo, a cidade de Meridiano (SP) deve ser a única do estado onde o Movimento Brasil Livre (MBL) terá um candidato próprio a prefeito. No município de 4,5 mil habitantes, perto da divisa entre São Paulo e Minas Gerais, a mais de 500 km da capital, o movimento aposta as fichas na vereadora Juliana Lima (Partido Novo), a segunda parlamentar mais votada de Meridiano em 2020, com 156 votos.

Fora do estado paulista, o MBL terá apenas a candidatura a prefeito de Pedro Duarte (Partido Novo), no Rio de Janeiro. Na eleição municipal de 2020, o movimento teve o ex-deputado estadual Arthur do Val na corrida pela prefeitura de São Paulo, com um desempenho que superou expectativas: ele alcançou 9,78% dos votos válidos, terminando como o quinto mais votado, à frente do então candidato do PT, Jilmar Tatto, e com desempenho próximo ao de Celso Russomanno, que obteve 10,50%.

O evento de lançamento da pré-candidatura de Juliana Lima, em maio, contará com a presença dos principais nomes do MBL, incluindo o próprio Kim, o deputado estadual Guto Zacarias (União Brasil) e Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei.

— Nossa pré-candidatura é vista como uma prioridade para o MBL, uma vez que estamos nos articulando para ter um plano de governo que transformará Meridiano em uma cidade modelo daquilo que o Movimento Brasil Livre acredita não só para a gestão municipal, mas para a administração estadual e federal — diz Juliana, que é advogada e especialista em direito eleitoral.

Entre as propostas de cunho liberal — uma marca do MBL — que devem figurar no plano de governo da pré-candidata está o modelo de escola charter, no qual escolas privadas são financiadas com recursos públicos. “Na prática, significa privatizar as escolas, mas garantindo a gratuidade para os estudantes”, explica a vereadora de primeiro mandato.

Além disso, Juliana propõe transferir toda a gestão dos equipamentos de saúde municipais para uma empresa privada — na preferência dela, o Hospital Israelita Albert Einstein. A concessão dos direitos de nome de estabelecimentos públicos, conhecida popularmente como Naming rights, faz parte das iniciativas para aumentar a arrecadação do município.

Segundo o coordenador do MBL, Renato Battista, a eleição de Juliana é tida como uma “oportunidade única” para que o grupo consolide sua forma de gestão em um município.

— Juliana certamente conseguirá fazer da cidade de Meridiano uma primeira amostra do nosso jeito de governar— diz Renato.

Juliana foi eleita em 2020 já com o apoio de Kim e da então candidata a deputada estadual Amanda Vettorazzo, que neste ano disputará uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo. Os dois tiveram, respectivamente, 68 e 59 votos no município. Durante o mandato, a vereadora conseguiu mais de R$ 3 milhões em emendas dos deputados do MBL para a cidade, número que ela pretende ressaltar na campanha.

O MBL ainda mantém os planos de lançar Kim Kataguiri como candidato a prefeito da capital paulista. O cenário, no entanto, é cada vez mais improvável. Embora tenha o apoio de Antônio de Rueda, presidente do União, e de seu vice, ACM Neto, Kim enfrenta a resistência do principal quadro do partido na cidade, o vereador Milton Leite (União Brasil), um destacado aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que buscará a reeleição em outubro.

Além de Juliana, o MBL terá o vereador Pedro Duarte (Partido Novo) concorrendo à prefeitura do Rio de Janeiro. Lá, porém, a vitória é bem menos provável, dado que o prefeito Eduardo Paes (PSD) é visto como o favorito no pleito. Nos últimos anos, o movimento tem priorizado a eleição de vereadores.

No ano passado, o MBL anunciou o início do processo de criação de um partido político próprio. A proposta é tirar a nova legenda do papel até as eleições de 2026, o que possibilitaria ao grupo ter um candidato à presidência da República.

Fonte: O Globo

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