Em leilão de arroz, governo compra 263 mil toneladas do grão, após tragédia no Rio Grande do Sul

Plantação de arroz inundada no Rio Grande do Sul: governo comprou arroz no exterior para evitar alta de preço
Plantação de arroz inundada no Rio Grande do Sul: governo comprou arroz no exterior para evitar alta de preço — Foto: Nelson Almeida / AFP / 09-05-2024

Após o governo federal derrubar uma liminar que suspendia o leilão de arroz marcado para as 9h desta quinta-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou 263 mil toneladas do grão no mercado internacional. O volume corresponde a 88% do total de 300 mil toneladas que seriam adquiridas no pregão.

A aquisição do cereal é inédita e tem por objetivo garantir o abastecimento e evitar alta de preço motivada pelas inundações no Rio Grande do Sul, principal estado produtor. A origem do produto, que será entregue ao Brasil até o dia 8 de setembro, só será conhecida depois de os fornecedores entregarem a documentação.

O leilão foi virtual. A Conab usou seu sistema de comercialização eletrônica, interligado com as bolsas de cereais, de mercadorias e/ou futuros.

A companhia foi autorizada a comprar, do Mercosul e de países que não fazem parte do bloco, até 1 milhão de toneladas de arroz, a um custo de R$ 7,2 bilhões. Para isso, o governo federal decidiu reduzir a zero as tarifas de importação do produto, estendendo a isenção a outros mercados fornecedores, além de Argentina, Paraguai e Uruguai.

A Conab estabeleceu que o produto deverá ter aspecto, cor, odor e sabor característico de arroz beneficiado polido longo fino tipo1. A estatal também exige que o cereal esteja acondicionado em embalagem com capacidade de cinco quilos, transparente e incolor, com a logomarca do governo federal.

A estatal vai decidir os locais para onde venderá o arroz importado. A prioridade são regiões metropolitanas com maior necessidade do produto, que terá preço tabelado em R$ 4 o quilograma. Ou seja, o saco com 5kg custará R$ 20.

Outro objetivo da Conab com importação é dar continuidade à retomada da política de estoques reguladores, abolida no governo anterior. Hoje, só há milho nos armazéns públicos, comprado no ano passado. Esse sistema permite a intervenção no mercado para forçar a queda ou o aumento do preço ao produtor.

Nesta quinta-feira, o desembargador Fernando Quadros da Silva, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, suspendeu a liminar que impedia o leilão. Segundo ele, a suspensão do leilão acarretaria em uma ” grave lesão à ordem público-administrativa.”

Atendendo a pedido do partido Novo, o leilão havia sido suspenso na noite desta quarta-feira, após decisão, em caráter liminar, do juiz federal substituto Bruno Risch Fagundes de Oliveira.

O magistrado alegou que seria prematuro agendar o leilão para esta semana, já que, segundo ele, há ausência de comprovação de que o mercado nacional de arroz será impactado negativamente pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Na última segunda-feira, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o leilão. A entidade pediu a suspensão da operação.

Fonte: O Globo

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