Eduardo Leite quer Pimenta como aliado por perdão de dívida e diz não ter pretensão de ser ‘mito ou salvador da pátria’

O governador Eduardo Leite (PSDB) durante entrevista ao programa 'Roda Viva', da TV Cultura
O governador Eduardo Leite (PSDB) durante entrevista ao programa 'Roda Viva', da TV Cultura — Foto: Reprodução/TV Cultura

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse acreditar que o ministro Paulo Pimenta, nomeado pelo presidente Lula para chefiar um ministério criado para lidar com a tragédia no estado, poderá ser um aliado do governo estadual para conseguir que a União considere quitada a dívida gaúcha pelos próximos três anos. O governo federal optou por suspender a dívida do Rio Grande do Sul por esse período, mas sem a quitação do valor.

Em entrevista nesta segunda-feira ao programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, Leite rechaçou rivalidade com Pimenta, que é filiado ao PT e que é possível candidato do partido ao governo gaúcho em 2026.

— Entendo que a nomeação de um ministro gaúcho para a nova Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução, o ministro Pimenta, nos dá uma voz a mais. Alguns falam que isso pode ser uma interferência do governo federal no Rio Grande do Sul. Eu prefiro olhar por outro ângulo, que seja o Rio Grande do Sul com um assento privilegiado para nos ajudar a resolver um problema como esse. Para que o ministro Pimenta nos ajude a convencer o governo federal de que não basta postergar essa dívida, que a gente precisa da quitação — declarou.

Leite disse que Lula e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) têm sido “sensíveis” e demonstrado “boa-vontade”, mas que esperava “avançar um pouco mais” em relação à negociação a respeito da dívida do estado.

O governador tucano, possível candidato à Presidência em 2026, negou incômodo com o fato de Lula ter criado um ministério que dá visibilidade para o trabalho de Pimenta nas respostas à tragédia gaúcha:

— Eu não vou fazer disputa política. A gente tem que superar esse momento de polarização, especialmente em um momento de dor. Enxergo o ministro Pimenta não só como alguém do governo federal aqui, mas como um gaúcho que está lá para poder viabilizar as receitas que o estado vai precisar para a reconstrução.

Leite defendeu que seu governo fez investimentos para mitigar impactos das mudanças climáticas, mas destacou que o Rio Grande do Sul encarou um volume de chuvas “absurdamente grande e fora de proporção” e que isso se somou às “condições limitadas” de investimentos que seu governo herdou de “crises antigas”. Ainda assim, admitiu que “erros podem ter acontecido”.

— Nós somos humanos, somos falíveis. Não tenho nenhuma pretensão de ser “mito” nem salvador da pátria. Mas não erramos pela negligência, pela omissão e pelo negacionismo — disse.

Leite negou que seu governo não tenha aprendido com tragédias anteriores ocorridas nos últimos meses. Sobre sua declaração de que apesar de ter sido alertado por estudos sobre os riscos ambientais, o governo “também vive outras agendas”, feita em entrevista ao jornal ‘Folha de S.Paulo’, o governador disse que pode “não ter se expressado bem”.

— Nós temos uma série de pautas. A do meio ambiente é uma delas, sem dúvidas, mas é importante lembrar o contexto em que o governo do Rio Grande do Sul opera. Se reclama de investimentos para Defesa Civil, de reforço de estrutura, mas lembremos todos que até três anos atrás o Rio Grande do Sul era um estado que atrasava salários para os servidores. O estado não tinha qualquer capacidade de investimento. Graças a todas as agendas, hoje temos mais capacidade. As tantas pautas que este governo teve que se debruçar deram condições de dar uma resposta melhor agora.

Sobre a possibilidade de adiamento das eleições municipais, Leite reafirmou que é cedo para haver essa discussão e acrescentou que a eleição mais importante para ele não será a de outubro nem a de 2026, mas sim a de 2022, quando foi reeleito governador.

O governador declarou também que a possibilidade de remoção de moradores de maneira definitiva para novas regiões após a tragédia, dada a complexidade dessa operação, só será levada adiante após serem esgotadas as análises de outras ações que permitam a permanência das pessoas nos lugares onde moram.

Em relação à reabertura do Aeroporto Internacional Salgado Filho, o governador cobrou do governo federal agilidade para estabelecer critérios para reequilíbrio contratual com a concessionária que administra o terminal, para que esta possa fazer os investimentos necessários. Leite disse que a previsão atual para o aeroporto retomar o pleno funcionamento é de cinco meses.

— Espero que não seja mais do que isso — afirmou.

Fonte: O Globo

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