Eclipse total mobiliza turistas e cientistas nos EUA nesta segunda-feira

A trajetória do eclipse de 8 de abril de 2024 com a umbra (oclusão total) na faixa mais fosca
A trajetória do eclipse de 8 de abril de 2024 com a umbra (oclusão total) na faixa mais fosca — Foto: Nasa/Adaptação O GLOBO

Eclipses não são uma coisa tão rara quanto o público leigo costuma pensar. Eles ocorrem em média a cada ano e meio na Terra. Ver a Lua encobrir totalmente o Sol sem precisar sair de casa, porém, requer um bocado de sorte, e muitos americanos terão nesta segunda-feira esse privilégio, que não raro ocorre uma vez na vida. O evento, batizado pela mídia dos Estados Unidos de “O Grande Eclipse Americano”, vai cobrir uma faixa imensa de terra habitada, num percurso de cerca de 6 mil quilômetros, que começa em Sinaloa, no norte do México, e termina em Labrador, no Canadá, passando por várias cidades grandes dos EUA.

Entre aquelas que estão na rota da “umbra” — a sombra formada pela oclusão total do Sol — estão Montreal, no Canadá; Indianápolis, no estado americano de Indiana; e quatro das cinco maiores cidades do Texas (San Antonio, Dallas, Fort Worth e Austin). Segundo dados do Census Bureau americano, mais de 44 milhões de pessoas moram na trilha do eclipse total, cerca de dois terços delas nos EUA.

Entre aquelas que estão na rota da “umbra” — a sombra formada pela oclusão total do Sol — estão Montreal, no Canadá; Indianápolis, no estado americano de Indiana; e quatro das cinco maiores cidades do Texas (San Antonio, Dallas, Fort Worth e Austin). Segundo dados do Census Bureau americano, mais de 44 milhões de pessoas moram na trilha do eclipse total, mais de dois terços delas nos EUA.

O eclipse está movimentando a indústria do turismo nos EUA e deve agitar também estradas, porque outras cidades grandes ficam perto da faixa de eclipse total, e acomodam viagens de bate-e-volta para ver o fenômeno. As metrópoles com aeroportos na zona da umbra, principalmente no Texas, estão recebendo turistas que viajam só para vê-la.

Um grupo de operadoras de turismo criou uma empresa só para dar suporte a viajantes e comerciantes durante o fenômeno e divulgou um estudo de modelagem econômica sobre o período. Eles estimam que entre 1 milhão e 4 milhões de pessoas se desloquem para ver o eclipse-total no país. A AirBnB, que oferece aluguel de casas por aplicativo, afirma que a busca por imóveis na trilha da totalidade se multiplicou por dez. Em Dallas, a cidade que tem a maior zona hoteleira no percurso, ainda há quartos, mas não saem por menos de R$ 1.000 a diária, mesmo em acomodações bem simples.

A agência espacial dos EUA, a Nasa, mobilizou uma equipe de atividades de extensão com astrônomos e técnicos para orientar o público sobre como assistir ao fenômeno, sobretudo para evitar as lesões oculares que ocorrem quando as pessoas não tomam a precaução adequada.

Os especialistas recomendam o uso de óculos feitos com filtros especiais de especificação ISO 12312-2 para bloquear alta carga de raios ultravioleta na hora de assistir ao fenômeno. Óculos escuros comuns não dão conta do recado. A Nasa alerta especialmente para o risco de tentar assistir ao eclipse usando lentes de câmera, lunetas ou binóculos, que concentram os raios solares e podem provocar lesões graves.

Sem óculos ou placas de filtro adequado, uma maneira segura de assistir ao espetáculo é indireta. Pode-se projetar a imagem do Sol, por exemplo, numa caixa de papelão através de um furo.

“Você pode ver o eclipse diretamente, sem proteção adequada para os olhos, somente quando a Lua obscurece completamente a face brilhante do Sol, durante o breve e espetacular período conhecido como totalidade”, afirma comunicado publicado pela Nasa. “Assim que você vir um pouquinho do Sol brilhante reaparecer após a totalidade, recoloque imediatamente seus óculos de eclipse ou use um visualizador solar portátil para observar o Sol.”

O eclipse parcial poderá ser visto em um faixa de território muito mais larga e extensa, que vai desde o Havaí até a Escócia no hemisfério norte, e nesses lugares a proteção ocular precisa ser usada durante todo o fenômeno.

O estágio de totalidade começará no meio do Pacífico, em águas do arquipélago de Kiribati, às 16h30 da hora universal (13h38 na hora de Brasília) e seguirá seu percurso até o Atlântico Norte quando sumirá 19h56 (16h56 em Brasília).

O melhor lugar para ver o eclipse deve ser o norte do México, não só pelo tempo seco previsto para esta segunda-feira. Quem estiver lá vai testemunhar a escuridão da totalidade por mais de 4 minutos. Quando chegar no Canadá, a umbra estará se deslocando mais rápido, garantindo um espetáculo de menos de 2 minutos.

A Nasa e outros centros de pesquisa vão aproveitar o momento para fazer ciência também, não só atividades de extensão, durante o fenômeno. Há vários projetos planejados para o dia.

Um deles, o projeto CATE (Citizen Continental-America Telescopic Eclipse), está mobilizando amadores e astrônomos profissionais pelo país para produzir imagens da coroa solar, a nuvem de plasma que contorna o astro, que é mais fácil de ver durante um eclipse total. A obstrução da luz solar direta permite capturar imagens da coroa sem ofuscar lentes de câmeras e fotografias tiradas ao longo da costa dos EUA permitirão produzir um filme de várias horas com a sequência de imagens.

Na Virgínia, a agência espacial vai lançar alguns foguetes de sondagem de porte médio que vão atingir a estratosfera, para medir como essa camada da alta atmosfera da Terra é afetada pela escuridão do eclipse. O projeto HamSCI, que reúne amadores de radiotransmissão, vai estudar como o eclipse afeta a ionosfera, camada crucial para tráfego das ondas de rádio.

O maior investimento da Nasa para o dia, porém, vai ser o uso de três jatos modelo WB-57, que vão decolar de Houston, no Texas, e perseguir o eclipse durante parte de sua trajetória, quando a umbra estiver cruzando a fronteira do México com os EUA. Os aviões estão equipados com câmeras e instrumentos científicos que serão usados também para estudar a ionosfera da Terra e a coroa solar.

Fonte: O Globo

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