Donos da casa onde homem foi morto com tiro no rosto já haviam registrado B.O contra vizinho por ameaça, diz delegado

Empresário Agnaldo da Silva Oroski, de 41 anos, foi preso nesta quinta-feira
Empresário Agnaldo da Silva Oroski, de 41 anos, foi preso nesta quinta-feira — Foto: Polícia Civil

Os donos da casa onde Bruno Emídio da Silva Junior, de 33 anos, foi morto com um tiro no rosto ao olhar sobre o muro, já haviam registrado um Boletim de Ocorrência contra o vizinho Agnaldo da Silva Oroski, preso nesta quinta-feira como autor do disparo. Ao GLOBO, o delegado André Garcia, responsável pelo caso, afirmou que o registro foi feito pela Polícia Militar, mas os proprietários não quiseram que um inquérito fosse instaurado na delegacia por “medo do sujeito”.

Bruno era convidado do sobrinho dos donos do imóvel, que fez um pequeno churrasco com a namorada e um casal de amigos, enquanto cuidava da casa enquanto os tios viajavam. Segundo a Polícia Militar, testemunhas relataram que a vítima estava em uma confraternização, no bairro Pirapó, em Apucarana, no Paraná, quando foram ouvidos barulhos de tiros na casa do vizinho.

— O boletim de ocorrência registrado pelos proprietários relata um cenário semelhante ao do crime. O casal ouviu sons de tiro, enquanto realizava uma confraternização com a família em casa — afirmou Garcia. — De acordo com o documento, quem estava na residência no momento dos disparos não conseguiu distinguir se o som era de bombinhas ou de uma arma de fogo.

Bruno teria tido a mesma dúvida na noite do crime. Para verificar o que estaria ocorrendo, ele subiu no porta-gás do imóvel e olhou por cima de um muro. Naquele momento, o vizinho disparou contra o seu rosto. Logo depois, o empresário Agnaldo da Silva Oroski fugiu em um carro vermelho. As equipes ppoliciais encontraram outros cinco tiros no muro da casa.

— Ao realizar a perícia na casa do autor, encontrei cinco marcas de bala no muro que divide as duas residências. Pelo que constatei, esses foram os disparos que as quatro pessoas que estavam no churrasco, incluindo a vítima, ouviram e foram tentar entender o que era — afirmou Garcia. — No depoimento, as três testemunhas disseram que chegaram a ir ao corredor onde a vítima morreu e gritar para o vizinho, pedindo que parasse de soltar “bombinhas”, o que eles imaginavam ser a fonte do barulho.

Ao chegarem no local, poucos depois das 23h, agentes da PM encontraram Bruno caído no chão, enquanto sua namorada realizava massagem cardíaca para tentar reanimá-lo. Uma equipe do Samu chegou a ser chamada, mas a vítima morreu no local.

Veja o vídeo:

Na segunda-feira, dois dias após o crime, Agnaldo se apresentou à polícia, e alegou ter disparado por “legítima defesa”. Segundo o empresário, ele estava dentro de casa e teria ouvido um “barulho no telhado”. A versão, no entanto, não é condiz com depoimentos e imagens, segundo o delegado André Garcia, responsável pelas investigações.

— Teria ouvido um barulho no telhado, saiu com arma em punho e viu um homem tentando pular na casa dele. Essa narrativa não é corroborada por nenhum outro elemento informativo — explica Garcia.

O empresário pode responder por homicídio qualificado pelo motivo fútil e pelo recurso que impossibilitou defesa a Bruno.

Após o relato das testemunhas, os policiais entraram na casa do vizinho. Lá, encontraram uma espingarda de pressão modificada para calibre .22 com luneta e uma escopeta, além de 49 munições de diferentes calibres intactas e outras 19 deflagradas.

Em cima de um guarda-roupa, também foram encontrados dois carregadores de pistola calibre .380 municiados. Posteriormente, a Polícia Científica apreendeu outros 11 estojos para pistolas com o mesmo calibre, em um corredor que liga a frente aos fundos da residência.

A arma utilizada no crime, a pistola calibre .380 foi encontrada pela polícia, escondida na residência do autor. A localização foi comunicada ao delegado pelo advogado de Oroski, antes dele se apresentar na delegacia. Ainda segundo o delegado, o atirador não apresenta antecedentes criminais e todos os armamentos são registrados legalmente pela Polícia Federal, permitindo que o dono tenha armas em casa.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para esclarecer o crime. Até o momento, testemunhas foram ouvidas e “diligências estão sendo realizadas a fim da conclusão do inquérito policial”.

Fonte: O Globo

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