Dono do Porsche envolvido na morte de motorista em SP é denunciado pela ex-mulher por tortura, agressão e ameaça; vídeo

À esquerda, Fernando Sastre de Andrade com a ex-mulher, a modelo Eliziany Silva; à direita, o filho dele, que guiava o Porsche do pai ao se envolver em acidente fatal
À esquerda, Fernando Sastre de Andrade com a ex-mulher, a modelo Eliziany Silva; à direita, o filho dele, que guiava o Porsche do pai ao se envolver em acidente fatal — Foto: Reprodução

O pai do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos — condutor do Porsche que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, no fim de março, na Zona Leste de São Paulo —, é alvo de uma série de acusações feitas pela ex-mulher na Polícia Civil paulista. Fernando Sastre de Andrade, que carrega o mesmo nome do herdeiro, é o proprietário do veículo de luxo envolvido no acidente fatal. A modelo Eliziany Silva, de 48 anos, registrou dois boletins de ocorrência contra ele, nos quais relata violência física, tortura, sequestro, ameaças e abusos psicológicos. Eliziany afirma ainda, embora o ex-enteado não tenha sido incluído nos relatos feitos à polícia, que já levou um soco no rosto do próprio Fernando Filho.

O primeiro boletim da agora ex-mulher contra Fernando pai foi registrado na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo em 12 de julho de 2023. Segundo relatos de Eliziany, em 30 de junho de 2018, o empresário a agrediu com tapas em seu rosto e a empurrou na cama. Em seguida, pegou um fio de carregador de telefone celular, fazendo menção de enforcá-la. A modelo conseguiu escapar e correu para o banheiro, como consta no documento. Fernando foi até o box, desferiu um tapa em seu rosto e tentou enforcá-la com as mãos.

Eliziany conta que, após o episódio, precisou ser atendida no pronto-socorro do Hospital Adventista de São Paulo. Ela relatou que não procurou as autoridades para denunciar o ex-companheiro antes porque ele “controla a polícia” e “me metia medo”, dizendo que era muito rico e conhecia membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país.

O segundo boletim de ocorrência contra Fernando pai foi registrado na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher passados pouco mais de quatro meses, em 28 de novembro de 2023. Nessa denúncia, Eliziany conta que saiu para jantar com o empresário por volta das 21 horas do dia 22 de dezembro de 2021, junto com sua filha, Rhillary, e sua irmã, Salete.

Após o jantar, Fernando pai deixou a enteada e a cunhada em casa. No carro, Eliziany passou mal repentinamente e desmaiou. Antes de apagar, ela se queixou de uma tontura diferente, mas ele disse que era só excesso de bebida. A modelo afirma que acordou no dia seguinte em um motel completamente nua e com sangramento nas partes íntimas.

Eliziany relata que tentou sair do motel na mesma hora, mas foi impedida por ele, que queria esperar o café da manhã. A modelo diz que precisava de atendimento médico por causa da hemorragia. O então marido da denunciante, contudo, a obrigou a fazer uma consulta virtual para obter remédios para conter o sangramento, ainda de acordo com o que consta no registro policial.

Eliziany conheceu Fernando em 2008, quando começaram a namorar. Foram morar juntos a partir de 2010. Firmaram união estável com comunhão parcial de bens e se separaram em 2019. Segundo ela, tanto Fernando pai quanto Fernando Filho são violentos.

Certa vez, o pai veio para cima dela para bater, e sua filha (enteada dele) arranhou o braço do empresário. Fernando postou a foto do braço arranhado no grupo da família, dizendo que Eliziany foi quem o arranhou. Fernando Filho viu a foto no celular e, segundo ela, a atacou com um soco no rosto. Essa agressão, porém, não chegou a ser registrada na polícia — a modelo conta que seria como “denunciar um filho”, uma vez que ajudou a criar o rapaz desde que ele tinha 8 anos.

Depois de sair da casa do empresário e romper o relacionamento, Eliziany resolveu dar mais uma chance a Fernando. De acordo com o relato dela ao blog, o ex-marido entrou na Igreja Renascer em Cristo e mandava vídeos do culto pedindo perdão. Em um deles, o empresário chorava implorando para voltar.

A modelo deu uma nova chance, mas afirma que foi agredida novamente apenas uma semana depois. Dessa vez, narra, as ameaças de morte se intensificaram: “Teve um dia que achava que ia morrer. Ele bateu e deu um mata-leão que perdi os sentidos”.

Em julho do ano passado, Eliziany procurou a Justiça e pediu uma medida restritiva para que seu ex-companheiro ficasse longe dela, o que foi negado. “Nota-se que a última violência relatada pela ofendida ter-se-ia dado há cinco anos, oportunidade na qual ela não registrou os fatos em sede policial ou requereu cautelas, o que revela que ela não se sente em concreta situação de risco”, escreveu a juíza Tatiana Vieira Guerra, ao negar a solicitação. A magistrada completou: “Ademais, no que toca aos fatos recentes, vê-se que a vítima apresentou versão demasiadamente genérica, limitando-se a dizer que se sentiria ‘desconfiada’ de ser vigiada por terceiros, supostamente a mando do requerido…”.

Hoje, Eliziany e Fernando brigam nos tribunais por uma partilha de bens avaliada em mais de R$ 30 milhões. Ela garante que ajudou o ex-marido a enriquecer no ramo imobiliário e entrou até como investidora em duas empresas “da família”, a Sastre Empreendimento Imobiliário e a Sastre Engenharia e Urbanismo.

“O Fernando não tinha nada quando me conheceu. Andava numa Pajero TR4, aquelas bem apertadinhas. Agora tem Porsches e um punhado de carros de luxo. Quero o que é meu”, comentou. Um desses Porsches, avaliado em mais de R$ 1 milhão, era guiado por Fernando filho quando ele colidiu contra o Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, que morreu na hora.

Foi esse episódio que lançou a família Sastre de Andrade às páginas policiais. Segundo a perícia, Fernando chegou a alcançar velocidade superior a 150km/h na madrugada do acidente, muito acima da permitida. Ele foi levado para a delegacia, mas liberado sem fazer o teste do bafômetro.

Para tentar compensar prejuízos, Fernando pai ofereceu à família da vítima uma indenização de R$ 500 mil, o que foi recusado. Nesta terça-feira, o Ministério Público pediu a quebra do sigilo bancário de Fernando Filho para atestar se ele consumiu bebida alcoólica na noite do acidente.

Procurado pelo blog, Fernando pai disse que não iria se pronunciar porque já está em disputa judicial com a ex-mulher em processo de separação que corre sob sigilo.

Fonte: O Globo

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