Preso nesta quarta-feira por suspeita de violação sexual mediante fraude e extorsão, o pastor Sinval Ferreira, de 41 anos, é líder da Casa de Oração Pentecostal Missionários, na região administrativa Samambaia, no Distrito Federal. Ele é acusado de usar sua influência para abusar sexualmente de fiéis, sobretudo homens, sob a justificativa de desfazer “maldições” e salvar vidas.
Nas redes sociais, Sinval Ferreira se apresenta como cantor, e tem mais de 29 mil seguidores em seu perfil no Instagram, onde publicava atividades da igreja, versículos bíblicos e o trabalho com música. Além dele, uma mulher de 58 anos, também pastora e atuante em Sobradinho, é apontada como cúmplice nos crimes.
Investigações conduzidas pela 26ª DP (Samambaia Norte) na Operação Jeremias 23 indicam que o pastor ameaçava de morte os familiares mais próximos aos fiéis. Assim, os induzia a manter relação sexual com ele e outros membros da igreja, para “livrá-los”. Sinval usava da suposta condição de “revelador” espiritual para coagir os membros da igreja.
Em um dos casos, Sinval chegou a abordar um fiel e dizer que a mulher dele corria risco de vida. Para evitar a “maldição” da morte, ele precisaria passar por um ritual de “sete unções” nas partes íntimas. Com medo, o homem consentiu. O pastor, conforme apontam as investigações, também forçava membros da igreja a se relacionarem sexualmente entre si.
Segundo o delegado Marcos Vinícius Miranda, responsável pelas investigações, pelo menos cinco vítimas já foram identificadas. É provável, no entanto, que existam outras.
— Ele alega que os atos sexuais com as vítimas, que na maioria são homens, foram consentidos — explica o delegado.
A pastora que atuava em Sobradinho era cúmplice do líder religioso e fazia ameaças de “castigo celestial”. Além disso, participava dos abusos sexuais de Sinval, que também extorquia dinheiro dos fiéis e alegava que doações generosas eram necessárias para evitar “desgraças”, como morte e invalidez da própria pessoa ou de um familiar.
Uma das vítimas afirma que, além das doações financeiras, chegou a pagar viagens para que o pastor fosse ao Rio de Janeiro. Ela também o emprestou uma chácara, onde Sinval realizava orgias com outros membros da igreja.
Os mandados da operação foram realizados nas cidades de Vicente Pires, Samambaia e Sobradinho, e os suspeitos devem responder pelos crimes de violação sexual mediante fraude e extorsão, com penas que podem chegar a 17 anos de prisão.
Fonte: O Globo