Diretora de Medicina da USP compara greve estudantil com o holocausto e pede desculpas

Diretora da FMUSP Eloísa Bonfá
Diretora da FMUSP Eloísa Bonfá — Foto: Divulgação / FMUSP

A diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Eloísa Bonfá, publicou uma nota de esclarecimento, nesta quarta-feira (20), após ter comparado a greve estudantil ao holocausto durante uma reunião com alunos. A professora disse que fez uma “escolha de palavras inadequada”. Em fevereiro, um paralelo feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os ataques de Israel na Faixa de Gaza e a morte de judeus na Segunda Guerra foi alvo de uma série de críticas e instaurou uma crise diplomática.

“Reconheço a necessidade de esclarecer uma menção feita por mim em um recente encontro com alunos em greve. Quero enfatizar que, ao mencionar eventos históricos de grande dor e sofrimento, como o holocausto, em comparação com as ações tomadas durante a greve estudantil, fiz uma escolha de palavras inadequada e retifico minhas palavras”, escreveu Bonfá, primeira mulher a ocupar o cargo de diretora da FMUSP.

“A intenção nunca foi estabelecer uma comparação direta entre esses dois contextos tão distintos. O objetivo de minha fala era refletir sobre a importância da memória e do respeito mútuo dentro de nosso ambiente acadêmico, enfatizando que comportamentos marcados por desrespeito e agressividade devem ficar registrados para que não mais se repitam dentro do ambiente acadêmico”, acrescentou.

“Acredito veementemente na capacidade de nossa comunidade de resolver conflitos por meio do diálogo aberto, da compreensão e do respeito pelas diferentes perspectivas. Comprometo-me a promover esses valores e a trabalhar incansavelmente para que nosso ambiente acadêmico seja um espaço de crescimento, aprendizado e respeito mútuo”, concluiu a diretora.

Os estudantes da Faculdade de Medicina da USP entraram em greve no dia 3 de março. Os alunos fizeram uma série de reivindicações e protestaram contra a mudança na prova de residência, que passou a tornar mais importante o resultado dos alunos no exame teórico do que com as habilidades práticas, contra a retirada urgente do “porão”, restaurante em situação irregular usado pelos estudantes, e também contra a iniciativa de um programa que permite que alunos de Medicina de outras faculdades possam acompanhar a rotina no Hospital das Clínicas mediante pagamento.

Fonte: O Globo

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