Dia Mundial da Água: qualidade de rios da Mata Atlântica cresce, mas bem é considerado como pouco cuidado

Rio Jundiaí, um dos corpos d'água a sem considerados de boa qualidade
Rio Jundiaí, um dos corpos d'água a sem considerados de boa qualidade — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

A água dos rios da Mata Atlântica apresentaram uma melhora em 2023, em comparação ao ano anterior. No Dia Mundial da Água, comemorado hoje, dados da Fundação SOS Mata Atlântica mostram que 8% das análises realizadas em 2023 indicam boa qualidade, um avanço em relação ao percentual de 2022, que era de 6,9%. Embora o aumento tenha sido discreto, os autores do estudo entendem que houve avanço na preservação dos recursos hídricos no ano passado.

A pesquisa mostra que 77% das amostras coletadas foram classificadas na categoria regular. Esse percentual é — um aumento de dois pontos percentuais em relação a 2022 —, enquanto a ocorrência de água considerada ruim caiu de 16,3% para 12,1%, no mesmo período. Já as que apresentaram qualidade péssima aumentaram de 1,9% para 2,9%.

Segundo a SOS Mata Atlântica, águas com qualidades ruim ou péssima não são apropriadas para usos na agricultura e indústria, abastecimento humano e para consumo animal. No bioma vivem mais de 70% da população brasileira.

— Percebemos uma tendência de melhora, mas o quadro de alerta em relação aos rios da Mata Atlântica persiste, revelando a fragilidade da condição ambiental de parte significativa dos corpos d’água monitorados — afirma Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios, da Fundação SOS Mata Atlântica, que realizou a pesquisa.

De acordo com ele, as 77% amostras regulares obtidas demandam atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, especialmente em um momento de emergência climática.

Apesar dos avanços em alguns recursos hídricos da Mata Atlântica, a maioria dos brasileiros acredita que os esforços ainda não são suficientes. Uma pesquisa da The Nature Conservancy (TNC) Brasil indicou que 73% dos brasileiros ainda enxergam a água como bem pouco cuidado, enquanto 78% nota um aumento na poluição das águas nos últimos quatro anos no país.

O estudo também mostra que os brasileiros entendem o meio ambiente como uma questão prioritária. Dentre os problemas levantados, os eventos climáticos extremos relacionados à água — como secas e enchentes — foram o principal ponto de preocupação para 83% dos entrevistados.

A percepção sobre os impactos dos problemas ambientais é diferente dependendo da classe social dos entrevistados, segundo o estudo. Populações menos favorecidas tendem a associar menos os problemas ambientais a mudanças climáticas, o que, para o gerente nacional de Sistemas de Água e Alimentos da TNC Brasil, Samuel Barrêto, é um indicativo da necessidade de criar canais de comunicação e engajamento mais efetivos sobre a questão com essa parcela populacional.

Além disso, Barrêto afirma que as pessoas de maior vulnerabilidade social são as que mais sofrem com os impactos de riscos ambientais.

Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, a integração de políticas públicas e agendas relacionadas à água, clima, meio ambiente e saneamento no Brasil permanece como um desafio.

— O Brasil enfrenta a necessidade urgente de aprimorar suas políticas públicas e práticas para garantir um futuro sustentável e seguro para todas as pessoas — sinalizou Ribeiro.

* Estagiária sob supervisão de Alfredo Mergulhão

Fonte: O Globo

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