Descobertas sepulturas e crematórios clandestinos na Cidade do México

Mulheres do grupo Madres Buscadoras de Sonora localizaram ossadas de desaparecidos na Cidade do México
Mulheres do grupo Madres Buscadoras de Sonora localizaram ossadas de desaparecidos na Cidade do México — Foto: Reprodução de vídeo

A líder de um grupo que procura por pessoas desaparecidas no México relatou, nessa terça-feira, a descoberta de restos humanos, um crematório e sepulturas clandestinas num terreno baldio no sudeste da Cidade do México, um acontecimento inusitado para a capital do país.

“Acabamos de encontrar esse crematório clandestino. Aparentemente, eles queimam corpos aqui há muito tempo (…) Encontramos restos humanos em algumas sepulturas clandestinas e neste crematório”, disse Cecília Flores, presidente do coletivo Madres Buscadoras, do estado de Sonora (Norte), em vídeo postado em sua conta X.

As autoridades da Cidade do México não confirmaram a denúncia de Flores até o momento.

A ativista especificou que a descoberta foi feita após dois dias de “exploração” do terreno, localizado na fronteira entre Iztapalapa e Tláhuac, dois municípios populosos com altos índices de pobreza e presença de grupos criminosos.

Em declarações à estação televisiva Milenio, Flores indicou que o grupo iniciou a busca com base numa chamada anônima de pessoas que têm “crianças desaparecidas” e em pistas sobre o local onde funcionava um crematório há “mais de quatro anos”.

As investigações, que foram realizadas sem acompanhamento das autoridades, obtiveram os primeiros resultados ao entardecer de segunda-feira, pelo que decidiram continuar a exploração a partir da manhã de terça-feira, quando localizaram o crematório.

“Quando chegamos, dois de nossos companheiros ficaram descalços porque ainda havia fumaça, como se fosse algo que eles tivessem queimado recentemente, porque as cinzas ainda fumegavam”, disse Flores.

No local também encontraram roupas femininas e infantis, fotografias de crianças e identificação oficial, além de restos mortais.

Flores informou que funcionários do Ministério Público e da comissão de busca humana da Cidade do México já foram notificados da descoberta e estavam se reunindo com seu grupo, que planeja continuar o trabalho nesta quarta-feira, desta vez com o apoio das autoridades.

“Pretendemos voltar ao local para que possam fazer o seu trabalho e determinar o que foi localizado”, disse a ativista.

Segundo dados oficiais, quase 100 mil pessoas estão desaparecidas no México, a grande maioria dos casos desde o lançamento, no fim de 2006, de uma controversa ofensiva militar contra os cartéis do tráfico de drogas.

Os números mais elevados concentram-se principalmente em estados com forte atividade de grupos do crime organizado, pelo que a descoberta na Cidade do México torna-se surpreendente.

Fonte: O Globo

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