Democracia norte-americana mostra sinais de fraqueza ao não barrar avanço de Trump

O candidato republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante comício em Virginia, EUA, no sábado
O candidato republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante comício em Virginia, EUA, no sábado — Foto: SAUL LOEB / AFP

A democracia norte-americana, que sempre foi considerada a maior democracia pelo fato de ser a maior economia do mundo, e ter uma constituição de quase dois séculos, está mostrando sinais de fraqueza. As instituições demonstram muita lentidão para barrar Donald Trump, uma pessoa que incitou que seus apoiadores invadissem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para protestar contra o resultado da eleição que ele saiu derrotado. Ele disse publicamente: “Vão ao Capitólio!”. Hoje é dia da Superterça, quando vários estados votam simultaneamente em postulantes à presidência dos Estados Unidos, e a vitória dele é certa nas primárias americanas.

A decisão de ontem da Suprema Corte não entra no mérito. Por unanimidade, os juízes decidiram que Trump pode concorrer ao pleito deste ano. Isto derruba a sentença da justiça do Colorado, que considerou que Trump violado um artigo da Constituição dos EUA que impede de ser eleito quem se envolveu em ato de insurreição. O Supremo considerou que não é o Estado que deveria decidir sobre isso, mas sim, o Congresso.

Evidentemente que foi um ato de insurreição. Mas a justiça americana está debatendo questões laterais e a questão central ainda não foi ao mérito na Suprema Corte. E nesse passar de tempo, Trump está ganhando força ao vencer nos estados.

E hoje, a Superterça, é um dia do grande passo no fato consumado, que é o projeto de Donald Trump de ser candidato independentemente dessas dúvidas que cercam o comportamento dele como presidente.

Aqui no Brasil, um episódio bem semelhante, teve resposta mais rápida. A invasão dos três poderes aconteceu no ano passado, dia 8 de janeiro. Mas, antes disso, todas as ações do ex-presidente Bolsonaro foram públicas também de tentar solapar a confiança no judiciário e no judiciário eleitoral.

Bolsonaro já é inelegível desde o primeiro do julgamento, por aquela reunião com os embaixadores, em que ele disse claramente que não deveriam confiar no processo eleitoral. O ex-presidente disse para os representantes internacionais que não confiassem na urna eletrônica, colocando em xeque as instituições brasileiras para realizar o seu projeto revelado a cada dia mais por conta dos depoimentos e delações.

Tudo isso está sendo rapidamente tratado pela Justiça, com solidez, com amplo direito à defesa. Bolsonaro está enfrentando o peso dos seus atos de conspiração contra a democracia. Mas Trump, nos Estados Unidos, está avançando cada dia mais. E nesta terça-feira ele avança muito.

Fonte: O Globo

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