Delegado do caso Milton Ribeiro é indiciado por abuso de autoridade

Milton Ribeiro
Delegado coordenou as investigações contra supostas irregularidades na gestão de Milton Ribeiro no MEC

O delegado Bruno Calandrini foi indiciado pela Polícia Federal por abuso de autoridade. O relatório de conclusão afirma que houve inserção de dados falsos na investigação sobre possível interferência no caso de corrupção contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

Calandrini foi responsável pela operação sobre liberação de verbas do Ministério da Educação, na qual o ex-ministro foi preso. O delegado vai responder por prevaricação, inserção de dados falsos e de abuso de autoridade. Eis a íntegra da decisão (PDF – 1,9 MB).

Segundo a PF, Bruno Calandrini teria ouvido funcionários da administração pública sem autorização para supostamente apurar a participação de policiais.

Os depoimentos de João Batista Silva Barbosa, Diretor de Administração Penitenciária, Vinicius Araújo de Lima, delegado da Polícia Federal, Samuelson Yoiti Igaki, Secretário de Estado de Administração Pública, e Carlos Olavo Silveira, Diretor de Inteligência da SEAP, não foram anexados às investigações.

Todos os 4 trabalhavam em seus cargos na época em que o ex-ministro foi preso e teriam auxiliado, segundo o própio Calandrini, na saída de Milton Ribeiro da prisão. O ex-ministro foi preso em junho de 2022 e solto no dia seguinte, quando o delegado afirmou ter havido interferência nas investigações contra o ministro. Em julho, ele protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) uma representação por corrupção policial e deu início as investigações.

O relatório da PF explicou que quando há necessidade de investigar policiais federais por participação em crimes, a Corregedoria de Polícia instaura um inquérito policial, comunica o Ministério Público e designa um membro para acompanhar a investigação. O processo não foi respeitado por Calandrini. Ele teria colocado a investigação em sigilo “sem necessidade”.

O depoimento de Barbosa, Lima, Igaki e Silveira poderiam, portanto, conter informações contra o próprio Calandrini, já que ficou comprovado que não houve interferência nas investigações, segundo a PF. As oitivas não foram encontradas no sistema, afirmou o delegado responsável pelo caso, Flávio Vietez Reis.

Bruno Calandrini foi responsável pela investigação sobre um suposto caso corrupção no Ministério da Educação do governo de Jair Bolsonaro (PL), que levou Milton Ribeiro à prisão. Em junho de 2022, o delegado pediu ao STF a prisão de integrantes da cúpula da Polícia Federal.

Milton foi preso em junho e solto no dia seguinte pelo juiz federal Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Foi quando Calandrini enviou mensagens a colegas dizendo que houve “interferência nas investigações contra Milton”.

Segundo ele, houve tratamento diferenciado para o ex-ministro na época.

Fonte: Poder360

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