Um estudo científico de pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, mostra o impacto da poluição plástica no ambiente marinho. Publicada na Revista Elsevier no final de fevereiro e com foco para os organismos de tartarugas, a pesquisa exemplifica a variedade de objetos que são encontrados e que, muitas vezes, causam mortes de centenas de animais da espécie.
A amostragem da publicação foi feita com base num grupo de 135 tartarugas cabeçudas que foi encontrado em uma praia do Mar Mediterrâneo, ao norte do Chipre. A espécie tem sido sugerida como bioindicadora, em análise, de poluição por plásticos.
Dentro dos animais, os pesquisadores descobriram cerca de 492 itens plásticos, como tampas de garrafas, embalagens de chiclete, e até um dedo de plástico que era parte de uma fantasia.
“A jornada daquele brinquedo de Halloween – desde uma fantasia de criança até o interior de uma tartaruga marinha – é um vislumbre do ciclo de vida do plástico. Essas tartarugas se alimentam de presas gelatinosas, como águas-vivas, e de presas do fundo do mar, como crustáceos, e é fácil ver como esse item pode ter se parecido com uma garra de caranguejo”, explicou Emily Duncan, autora principal do estudo, da Universidade de Exeter
A maior parte dos plásticos encontrados eram semelhantes a folhas (62%), transparentes (41%) ou brancos (25%) e os polímeros mais comuns identificados foram polipropileno (37%) e polietileno (35%)
Ao longo do período dos onze anos (2012–2023) que compreende o estudo, o maior número de peças ingeridas por um único indivíduo foi de 67, com um total de 9,66 gramas. Sem exceções, todos os grupos de tartarugas apresentaram indivíduos que plástico em seu interior.
No entanto, grande maioria das tartarugas submetidas à necropsia morreram após incidentes de captura incidental em pescarias costeiras em pequena escala, geralmente afogadas em redes de emalhe de fundo.
De acordo com a pesquisa, o Mar Mediterrâneo é um dos principais pontos de poluição plástica global com estimativa de ter entre 873 e 2576 toneladas de detritos plásticos na superfície das águas.
Dessa maneira, os cientistas concluíram que a ingestão de plástico pode depender da disponibilidade de alimentos e de detritos, o que varia de forma espacial, sazonal e anual.
O grupo ressalta, apesar disso, que é importante observar que os valores tiveram acréscimos decisivos ao longo do período de estudo, o que aponta que os casos extremos de ingestão passaram a aumentar ao longo do tempo.
Fonte: O Globo