Das câmeras inoperantes à distração do carnaval: os nove erros da fuga inédita de presos em Mossoró

A Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte
A Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte — Foto: Reprodução/Senappen

Em entrevista nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reconheceu uma série de falhas que facilitaram a fuga de dois detentos no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte — a primeira já registrada em uma unidade do sistema penitenciário sob tutela da União. Entre os erros apontados pelo recém-chegado à pasta, estão problemas no sistema de câmeras, já que parte dos equipamentos estava desligada, e no de iluminação, com corredores às escuras.

Lewandowski citou ainda a presença de um alicate em um canteiro de obras, alcançado pela dupla de presos e usado para romper a grade do alambrado. Até a data da fuga, madrugada da terça-feira de carnaval, foi lembrada pelo ministro, pois teria feito com que os funcionários da cadeia estivessem “mais relaxados, como costuma ocorrer neste momento”. O fato é: Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, ambos considerados de alta periculosidade, só escaparam da prisão por conta de uma sucessão de equívocos.

Abaixo, O GLOBO lista nove erros cometidos que facilitaram a fuga.

Por volta das 3h30 da manhã, cada um em sua cela, os dois presos fizeram os buracos no teto pelos quais entraram. A PF apura a vulnerabilidade dos espaços, que não seriam aqueles em que eles permaneciam reclusos habitualmente.

Os presos escalaram, retiraram a fiação, saíram pelo teto e chegaram a um terraço onde ocorre o banho de sol. Toda essa movimentação não foi flagrada por nenhum agente penitenciário.

Já se sabe que parte das câmeras de vigilância não estava operando no momento da fuga. Também havia problemas de iluminação, com algumas luzes internas apagadas.

As celas individuais não têm câmeras, mas os corredores e os pátios, sim. Embora parte do equipamento estivesse inoperante, há imagens da dupla deixando o presídio de uniforme. O monitoramento é feito por duas equipes, uma da unidade em Mossoró e outra da sala de controle em Brasília — ainda assim, não foi disparado qualquer alerta.

O terraço onde ocorre o banho de sol está passando por uma obra de adequação. A principal hipótese é que os presos tenham retirado deste local as ferramentas que utilizaram posteriormente na fuga.

Com um objeto cortante, os presos conseguiram romper o alambrado do presídio e fugir. Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, falou em construir “muralhas” no entorno das penitenciárias federais.

A ausência dos presos nas celas só foi identificada às 5h de quarta-feira — portanto, quase duas horas depois do início da fuga, o que impediu uma recaptura célere.

Uma das linhas de investigação aponta que os presos teriam seguido para uma residência a aproximadamente sete quilômetros da penitenciária. Ainda não se sabe ao certo como a distância foi percorrida, mas, mais uma vez, nenhuma autoridade incomodou os fugitivos no trajeto.

O próprio Lewandowski reconheceu que os servidores da penitenciária estavam “mais relaxados” em função do feriado de carnaval, o que facilitou a fuga.

Fonte: O Globo

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