Coordenador de pesquisa na BA sobre spray nasal para tratar depressão diz que produto deve ser usado em casos graves

O médico psiquiatra, pesquisador e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Lucas Quarantini, explicou em entrevista ao Jornal da Manhã desta quinta-feira (12), que o spray nasal para tratamento de depressão deve ser usado somente em casos graves. O medicamento foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) neste mês de novembro.
Conforme explica o especialista, que coordenou a pesquisa na Bahia, o medicamento foi desenvolvido, através de pesquisas, no Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Ufba , também conhecido como Hospital das Clínicas, em Salvador.

Foram cinco anos de pesquisas. O medicamento, até o momento, é indicado somente para pacientes com depressão grave, que apresentaram falhas em tratamentos prévios ou que estão em risco de suicídio.

“Ele não é um medicamento para uso irrestrito, ele vai ser reservado para pessoas com depressões graves, resistentes à tratamentos prévios. Ou seja, a pessoa tem que ter falhado a pelo menos dois tratamentos anteriores e deve ter uma forma grave de depressão. Uma outra utilização aprovada pela Anvisa e também pela agências europeias e americanas é que ela pode ser utilizada em pessoas que estão em risco eminente de suicídio então é o primeiro medicamento com essa aprovação, nesse perfil de pacientes com o comportamento suicida”, explica Quarantini.

O pesquisador destaca que o medicamento deve ser usado em ambiente hospitalar e com acompanhamento médico. “O tratamento consiste em quatro semanas de intervenção, a grande característica desse remédio é que 50% das pessoas já atingem melhora após uma primeira dose e ao final do ciclo de tratamento, das quatro semanas, cerca de 80% das pessoas atingem uma melhora terapêutica significativa”, explica.

O remédio tem como base a molécula escetamina (ou esketamina). O princípio ativo tem relação com a cetamina (ou ketamina), um medicamento usado em doses elevadas em anestesias. “É uma medicação que já é utilizada há muitos anos, anteriormente em doses muito mais elevadas e que era, anteriormente, uma anestésico e quando utilizado em sub doses, ou seja em doses antidepressivas, pode proporcionar uma melhora em poucas horas, em situações que precisavam de 15 dias para iniciar o efeito”, conta.

O serviço de psiquiatria do Hospital Universitário, há quase uma década, desenvolve pesquisas com a cetamina e seus derivados. O centro teve papel de destaque nas pesquisas que resultaram na aprovação da escetamina intranasal pelas agências regulatórias do Brasil, EUA e Europa.

“O serviço de psiquiatria daqui da Universidade Federal da Bahia foi um dos centros que conduziu a pesquisa. Foram cerca de 50 centros mundialmente. O nosso centro foi o segundo colocado no mundo em recrutamento de pacientes, mas o estudo é ‘duplo cego’, a gente não tem acesso qual intervenção está sendo feita. O que a gente observou é que foi um tratamento que requerer uma atenção especial, em um ambiente hospitalar, com monitorização do começo ao fim da aplicação. São 40 minutos de observação”, detalha.

Do G1

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