‘Contra o decoro e a moralidade pública’: por que influenciadora morta a tiros e outros cinco foram condenados à prisão no Iraque

Estrela do TikTok foi morta baleada na porta de casa, no Iraque
Estrela do TikTok foi morta baleada na porta de casa, no Iraque — Foto: Reprodução

A tiktoker iraquiana Om Fahad, assassinada a tiros nesta sexta-feira, em Bagdá, quando estava dentro de seu carro na frente de casa, havia sido condenada à prisão junto a outros cinco influenciadores no ano passado por publicação de conteúdo considerado “indecente” nas redes sociais.

Om Fahad, cujo nome verdadeiro é Ghufran Sawadi, tinha dezenas de milhares de seguidores no TikTok e no Instagram e ficou famosa por vídeos em que aparece com roupas justas dançando ao ritmo de músicas do Iraque. Alguns de seus vídeos geraram mais de um milhão de visualizações.

Segundo informações do jornal Al Jazeera, principal rede de notícias do mundo árabe, a condenação a seis meses de prisão ocorreu em fevereiro de 2023 depois que um tribunal determinou que seus vídeos continham “discurso indecente que prejudica o decoro e a moralidade pública”.

Na época, outros cinco criadores de conteúdo para a internet também receberam penas de prisão de até dois anos, e foram iniciadas investigações contra outros. A movimentação teve início depois que o Ministério do Interior do Iraque lançou, em janeiro de 2023, um comitê para descobrir “conteúdo obsceno e degradante” publicado on-line por influenciadores.

De acordo com as informações do Al Jazeera, o esforço havia sido declarado com o objetivo de proteger “a moral e as tradições familiares” na sociedade iraquiana. Além disso, foi criada uma plataforma on-line na qual os usuários iraquianos eram incentivados a denunciar qualquer conteúdo desse tipo para que fosse retirado do ar.

Na época, as autoridades afirmaram que dezenas de milhares de denúncias foram registradas pela plataforma. O jornal aponta que alguns criadores de conteúdo foram forçados a se desculpar e retirar publicações do ar após a repressão do ministério.

Ao jornal local Baghdad Today, o especialista em segurança e major general reformado do Iraque Imad Allo alegou que o assassinato de algumas celebridades nas redes sociais pode estar relacionado a casos de “chantagem ou motivos políticos”.

— O assassinato de algumas figuras públicas não é um fenômeno novo no cenário de segurança iraquiano. Já havia ocorrido anteriormente e quase o mesmo método foi usado por um ciclista que atirou em figuras famosas nas redes sociais sites de redes ou no nível da mídia — disse.

Em setembro do ano passado, por exemplo, Noor Alsaffar, uma TikToker que tinha 23 anos e centenas de milhares de seguidores, foi morta também a tiros. Em 2018, a modelo e influenciadora Tara Fares foi assassinada em Bagdá com vários tiros em seu carro conversível branco.

Fonte: O Globo

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