Planejamento a longo prazo, ausência de taxas de juros e obtenção de bens por parcelas acessíveis. O mercado de consórcios tem atraído potiguares em busca de compra de veículos, motos, casas veículos pesados e serviços, como viagens, cursos e outros benefícios. No Rio Grande do Norte, empresas de consórcios estimam crescimento no primeiro semestre de 2022 entre 15 e 70% ante o mesmo período do ano passado. Em 2021, os consórcios fecharam o ano em alta no Estado, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). Houve crescimento de 15,8% nas contemplações, de 10,5% nas vendas de novas cotas e de 7,4% no número de participantes ativos.
No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), o valor movimentado no primeiro quadrimestre foi de R$ 74 bilhões, 15,6% maior que o mesmo período em 2021, quando chegou a R$ 64,46 bilhões. Não há dados regionalizados para o ano de 2022.
No Estado, pelo menos quatro empresas prestam serviços aos potiguares nesse segmento. Uma delas é o Consórcio Redenção, que está no mercado potiguar há 50 anos e é focado em carros e motos. De acordo com o diretor administrativo, Aílton Fernando da Silva, o crescimento do mercado é uma tendência da retomada da economia a nível nacional após o baque da pandemia de covid-19.
“Dentro do que vem apresentando 2020 e 2021, em função do crescimento, foi expressivo, dado a pandemia, mas não comparado a 2022, que realmente está havendo um incremento forte, por dois motivos: a volta do consumo, a abertura dos mercados, e os juros, que estão altos e tendenciosamente o consórcio passa a ser mais procurado em função das taxas serem mais baixas, nessa comparação”, aponta Aílton.
Outro consórcio tradicional no Rio Grande do Norte é o Eldorado, fundado em 1981. Para o diretor administrativo, Rodrigo Freire, outro fator que explica o aumento na busca pelos consórcios é a disseminação de informações, a busca por taxas menores no mercado e projeção financeira por parte dos consorciados.
“No meio da pandemia tivemos uma surpresa positiva com o crescimento dos consórcios e esses números se mantém numa crescente mesmo passado esse período turbulento. Isso demonstra a maturidade do consumidor na escolha de uma alternativa para compra de bens de forma mais econômica do que os financiamentos”, comenta.
“O consórcio é uma maneira muito mais inteligente de se programar a aquisição de motos, imóveis ou troca desses bens. O consumidor brasileiro está amadurecido quanto a isso. O meio digital ajudou muito, o brasileiro tem buscado mais informações sobre educação financeira. Isso é relevante porque faz com que o consumidor faça comparações melhores dos custos”, defende Rodrigo Freire.
Para o diretor regional da Associação Brasileira de Consórcios (Abac), Marcel Kitamura, “a crise da pandemia trouxe uma necessidade para parte da população de planejamento para se dar próximos passos de sonhos, investimentos”.
“O consórcio é um grande passo para essa mudança de sair da questão do crédito, porque o consórcio é uma alternativa mais barata porque você precisa do planejamento, diferentemente do crédito. A segunda questão é o aumento da taxa Selic que fez com que ficasse cada vez mais atrativo essa possibilidade de compra frente a um financiamento ou empréstimo”, acrescenta.
Perfil
O perfil dos consorciados é diverso e atende a todos os segmentos, de acordo com administradores de consórcios ouvidos pela TN. Com a possibilidade de parcelas que podem ser das mais acessíveis e longos prazos, a modalidade atrai pessoas com diferentes rendas mensais.
“Nossa maioria é de classes B e C, mas temos todo tipo de público. Nossa gama de produtos é bem diversificada. Temos motocicletas a partir de R$ 10 mil e acima de R$ 90 mil. Temos todo tipo de público, mas a maioria é classe B e C”, explica o gerente comercial da Concessionária Potiguar Honda, João Daniel, especializada em motos, em Natal.
Para Rodrigo Freire, com a possibilidade de compra de bens de pequenos a altos valores, motos e carros leves a veículos pesados e imóveis, o consórcio acaba sendo um produto “democrático”.
“Temos créditos que vão de R$ 8 mil para uma moto simples, e temos créditos para clientes comprarem carros mais caros, de R$ 200, R$ 300 mil, caminhões, ônibus, e os imóveis. É um produto abrangente”, completa.
Brasil volta a bater recorde em abril deste ano
O Sistema de Consórcios voltou a bater recorde de participantes ativos em abril ao alcançar 8,55 milhões e ultrapassar a marca de março que era de 8,54 milhões. Aquele total registrou aumento de 7,5% sobre 7,95 milhões obtidos no mesmo mês de 2021.
Na mais nova marca alcançada em consorciados ativos, o consórcio registrou alta de 64,9% nos eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; 30,9% nos veículos pesados; 15,3% nos imóveis; 8,4% nos serviços; 5,0% nas motocicletas; e 2,6% nos veículos leves. Ao atingir 8,55 milhões de consorciados ativos, o Sistema de Consórcios apresentou 80,7% para o setor de veículos automotores, 14,5% para os de imóveis, 2,5% nos de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis e 2,3% nos de serviços.
A modalidade, que este ano está completando 60 anos, encerrou o primeiro quadrimestre anotando alta de 12,4% no volume de vendas de novas cotas, que alcançou 1,18 milhão versus 1,05 milhão no acumulado de janeiro a abril do ano passado. Os negócios correspondentes superaram R$ 74,53 bilhões naqueles quatro meses, 15,6% maior que o atingido no mesmo período de 2021, quando chegou a R$ 64,46 bilhões.
Números do setor
Fonte: ABAC
Rio Grande do Norte
Participantes ativos
2020: 99.728
2021: 107.123 (+ 7,4%)
Vendas de novas cotas
2020: 44.873
2021: 49.576 (+10,5%)
Contemplações
2020: 17.362
2021: 20.113 (+15,8%)
Produtos mais procurados:
PESADOS
Participantes ativos
2020: 1.823
2021: 2.496 (+52,6%)
Vendas de novas cotas
2020 – 740
2021 – 1.832 ( – 147,6%)
Contemplações
2020 – 176
2021 – 252 ( +43,2%)
ELETROS
Participantes ativos
2020: 1.009
2021: 2.311 (+129,0%)
Vendas de novas cotas
2020: 833
2021: 2.081 (+149,8%)
Contemplações
2020: 314
2021: 428 (+36,3%)
Brasil em 2022
Participantes ativos
2022: 8,55 milhões (abril/2022)
2021: 7,95 milhões (abril/2021)
7,5% de crescimento
Vendas de novas cotas
2022 – R$ 1,18 milhão (1º quadrimestre)
2021 – R$ 1,05 milhão (1º quadrimestre)
12,4% de crescimento
Contemplações
2022 – 489,77 mil (1º quadrimestre)
2021 – 421,79 mil (1º quadrimestre)
16,1% de crescimento
Volume de crédito comercializado
2022 – R$ 74,53 bilhões (1º quadrimestre)
2021 – R$ 64,46 bilhões (1º quadrimestre)
15,6% de crescimento
Do Tribuna do Norte