Conheça o método Wolbachia, que pode diminuir os casos de dengue

A wolbachia não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti -  (crédito: Fiocruz )
A wolbachia não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti - (crédito: Fiocruz )

Em meio ao aumento de casos de dengue no país e de mortes pela doença, Niterói tem se mantido com baixos níveis de contaminação. Isso porque, a prefeitura da cidade utiliza do método wolbachia desde 2015 e se tornou o primeiro município no Brasil com 100% do território coberto pela técnica.

A wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 50% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para a redução das doenças.

Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.

O método é ambientalmente amigável e de acordo com a World Mosquito Program (WMP), o wolbachia, que é intracelular, e não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos. Além disso está presente naturalmente em outras espécies de artrópodes. Ou seja, ao estabelecer uma população de Aedes aegypti com wolbachia, não haverá alteração significativa nos sistemas ecológicos.

Durante o debate promovido pelo Correio, Dengue — Uma luta de todos, que ocorreu me fevereiro, o coordenador científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Lima Rodrigues Cunha, disse que uma das alternativas tecnológicas como forma de enfrentamento do mosquito no Distrito Federal deve ser o método wolbachia. “Uma delas é a bactéria wolbachia, que infecta outros insetos e consegue infectar o aedes macho e, quando ele está infectado, o vírus da dengue não consegue se proliferar dentro dele”, explica.

Segundo o coordenador, esse mosquito infectado, ao se ele acasalar com a fêmea terá descendestes estéreis e não transmitirão a doença. “Na Austrália, por exemplo, conseguiram erradicar, onde o projeto foi pioneiro”, conta. “E não há nenhum risco biológico, são mais de 10 anos de estudos com o wolbachia”, comenta.

Em Niterói

Em Niterói, o trabalho foi iniciado em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba. Em 2017, começou uma expansão no município, e o método wolbachia chegou a 33 bairros das regiões praias da Baía e Oceânica. Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção garantida pela wolbachia e os números apontaram a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75 % do território estava coberto.

Em 2023, Niterói se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método wolbachia.

Outras cidades

O método tem origem na Austrália e está no Brasil desde 2014, quando o Brasil passou a integrar o o rol de 11 países que compõem o Programa Mundial de Mosquitos, em inglês World Mosquito Program (WMP). No país, o método é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde em parceria com governos locais. Atualmente, as cidades já incluídas na pesquisa são Campo Grande, Petrolina (PE), Belo Horizonte, Niterói e Rio de Janeiro.

O WMP é uma iniciativa internacional que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos. Os países que participam são: Austrália, Brasil, Colômbia, El Salvador, México, Indonésia, Honduras, Laos, Sri Lanka, Vietnã, Kiribati, Fiji, Vanuatu e Nova Caledônia.

Nova biofabrica

Em Campo Grande , Mato Grosso, foi inaugurado uma nova biofábrica do Método wolbachia, viabilizará a produção de mosquitos Aedes aegypti com wolbachia para atender a capital sul mato-grossense, dentro da parceria entre o Ministério da Saúde, o World Mosquito Program (WMP Brasil), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A liberações dos mosquitos começarão pelos bairros Guanandi, Aero Rancho, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado. Os wolbitos, mosquitos com wolbachia, serão liberados semanalmente nesses, durante 16 semanas.

Fonte: Correio Braziliense

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