Conheça Conceição Evaristo, a primeira mulher negra a ter uma cadeira na Academia Mineira de Letras

Conceição Evaristo: 'Há uma juventude negra que não vai recuar, não tem mais volta'
Conceição Evaristo: 'Há uma juventude negra que não vai recuar, não tem mais volta' — Foto: Leo Martins

A poetisa e ficcionista mineira Conceição Evaristo toma posse, nesta sexta-feira, dia internacional da mulher, às 20 horas, na Academia Mineira de Letras (AML). Criada em 1909, a instituição teve, até a atualidade, apenas nove mulheres. Agora, Conceição Evaristo ocupará a cadeira de número 40. Cerimônia terá acesso apenas para convidados, mas será transmitida ao vivo pela internet.

Nascida em 29 de novembro de 1946, em Belo Horizonte, Maria da Conceição Evaristo de Brito, 77 anos, cresceu na favela do Pindura Saia, na Região Centro-Sul da capital. Ela é uma das escritoras brasileiras mais influentes da atualidade com publicações de romances e poemas, que foram traduzidos para o francês, inglês, espanhol, árabe, italiano e eslovaco.

Em 1990, fez sua primeira publicação dentro da série Cadernos Negros, uma antologia organizada pelo grupo de escritores afro-brasileiros de São Paulo, o Quilombhoje. Depois disso, vieram as obras individuais com Ponciá Vicêncio (2003), Becos da Memória (2006), Poemas da Recordação e Outros Movimentos (2008) e Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011).

Conceição introduziu o conceito de “escrevivência”, a escrita que nasce do cotidiano, imersa em realidades pessoais e na história de uma luta. Aborda, acima de tudo, a desigualdade que marca o país, com um retrato poderoso de milhões de brasileiros.

Ao longo de sua trajetória, a escritora recebeu diversos prêmios. Em 2015, conquistou o prestigiado Prêmio Jabuti na categoria de contos e crônicas com o livro Olhos D’água (2014). Sua excelência na área cultural também foi reconhecida em 2017, com o Prêmio Cláudia, e em 2018, ao ser premiada na categoria Destaque do Prêmio Revista Bravo.

A mineira Conceição Evaristo publicou, em 2022, “Canção para ninar menino grande” (Ed. Pallas). No livro, ela narra as relações amorosas de mulheres negras com o personagem Fio Jasmim e a rede de afetos decorrente dessas relações.

O ano de 2019 marcou mais uma homenagem à escritora, que foi celebrada no 61° Prêmio Jabuti como uma personalidade literária de destaque. Sua contribuição intelectual também foi destacada em 2023, quando foi agraciada com o prêmio Elo no Festival Internacional das Artes de Língua Portuguesa e recebeu o Prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano. A lista de finalistas incluía Martinho da Vila, Maria Villani, Marilene Felinto e Pedro Bandeira.

Criado em 1962 por iniciativa do escritor Marcos Rey, o troféu Juca Pato é um dos mais tradicionais do país. Personalidades como Frei Betto, Lygia Fagundes Telles, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Candido, Dalmo Dallari, Milton Hatoum, Ignácio de Loyola Brandão, Aílton Krenak e os ex-presidentes da República Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso, entre outros, são alguns nomes que já receberam o prêmio, que tem a democracia e resistência como base.

Fonte: O Globo

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