Uma comissão do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Piancó-Piranhas-Açu realizou uma visita à Barragem Engenheiro Avidos, conhecida como Boqueirão, em Cajazeiras, Paraíba, nesta terça-feira (16). O objetivo da visita foi verificar relatos sobre um possível vazamento abaixo da ensecadeira construída pela empresa responsável pelas obras de recuperação da parede e modernização das comportas do açude Engenheiro Avidos.
A comissão, composta pelo 2º secretário Jacodemes Garrido de Sousa, Ricardo Ramalho Lins, membro e presidente da Comissão de Alocação de Águas de São Gonçalo, e o coordenador do Centro de Apoio ao Comitê, Emidio Gonçalves, buscou informações técnicas para tranquilizar os agricultores que vivem às margens do Rio Piranhas, preocupados com a segurança da barragem.
O engenheiro do DNOCS, André Giovanni, presente no local, explicou que a ensecadeira não possui o mesmo nível de tecnologia de uma barragem definitiva e que é natural haver algum vazamento, mas que isso é acompanhado e monitorado. Ele tranquilizou os presentes quanto à segurança da estrutura.
“Essa comporta tem capacidade de liberação de água de 1.610 metros cúbicos por segundo com 9 metros de abertura. Ela está com 1,70m, está o mínimo. Em relação a São Gonçalo, desde a concepção das Várzeas de Sousa tem um problema de drenagem e isso acarreta um certo impedimento no curso normal das águas, e além disso tem uma obstrução no Rio Piranhas, resumindo, a inundação que está ocorrendo não é consequência da vazão de São Gonçalo, e nem tampouco daqui de Engenheiro Ávidos. São Gonçalo tem capacidade de lâmina de vazão de 2 metros, foi projetado para isso. Até hoje de manhã estava com 42 centímetros. Entao esqueçam essa questão de achar que a inundação que está acontecendo com vocês é consequência da vazão daqui ou de São Gonçalo”.
O engenheiro responsável pela obra também esclareceu que há um tubo de drenagem para evitar possíveis estouros, e que estão sendo realizados reforços na ensecadeira. Além disso, foi destacada a necessidade de instalação de comportas para controlar o fluxo de água e minimizar impactos nas comunidades ribeirinhas.
“Nós temos esse tubo que sai a jusante do canal de 300 milímetros e ele passa por dentro da galeria que foi concretado que é justamente esse dreno da comporta, e que é necessário ter esse dreno porque senão ele ia começar a estourar em vários lugares. Quanto a colocação das comportas, o pessoal que faz a instalação, eles estão vindo para justamente, dar tranquilidade a vocês vamos colocar as comportas provisórias”.
Ricardo Ramalho, presidente da Comissão de Alocação de Águas de São Gonçalo, ressaltou a importância da visita para obter informações técnicas e garantir a segurança da ensecadeira e da barragem. Ele também mencionou a necessidade urgente de colocação das comportas para evitar prejuízos às comunidades afetadas pelas inundações.
“Então a gente hoje tem muitas propriedades que estão sendo invadidas casas alagadas, então isso está causando reflexos, impactos financeiros e econômicos nessas famílias. E a gente está tentando, de alguma forma mitigar esses efeitos. E a colocação da comporta garantiria, de certa forma, em uma situação de uma vazão extrema, pudesse a gente fechar as comportas radiais sem ter nenhum risco para o esvaziamento do reservatório”, explicou.
Por outro lado, Manoel Chagas, coordenador do DPIVAS, expressou sua satisfação com a visita, mas lamentou que o fechamento imediato das comportas não tenha sido realizado, o que poderia prevenir danos às plantações e às famílias que já estão sendo afetadas pelas inundações.
“O fechamento imediato seria uma prevenção com relação ao rompimento da ensecadeira, caso isso acontece causará um prejuízo maior para as plantações do Perímetro Irrigado Várzeas de Sousa, que hoje já estão com suas plantações alagadas, já tendo prejuízo, e o fechamento das comportas seriam para que a gente pudesse amenizar essas inundações. Já existem famílias sando de suas casas devido a esses alagamentos”.