Com vitória inédita para 3º mandato em Londres, Partido Trabalhista supera conservadores em eleições locais

Saiq Khan foi reeleito para terceiro mandato como prefeito de Londres
Saiq Khan foi reeleito para terceiro mandato como prefeito de Londres — Foto: Benjamin Cremel/AFP

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, foi reeleito neste sábado para o seu terceiro mandato na capital britânica, em uma vitória simbólica do Partido Trabalhista sobre o Partido Conservador, do premier Rishi Sunak. A vitória de Khan sobre a conservadora Susan Hall, com 61,2% dos votos, foi o ponto alto de uma jornada eleitoral comemorada pelos trabalhistas como um sucesso local — que os líderes do partido esperam repetir na disputa das eleições gerais deste ano.

Filho de migrantes paquistaneses e primeiro prefeito muçulmano de Londres, Khan também se tornou o primeiro a alcançar três mandatos consecutivos na capital britânica. Em uma mensagem na rede social X (antigo Twitter), ele prometeu trabalhar para moldar “uma cidade mais justa, mais segura e mais verde para todos os londrinos”.

A vitória por uma margem ampla e o ineditismo do terceiro mandato em Londres apenas adicionaram uma camada de confiança ao Partido Trabalhista, que comemorou o resultado amplo das eleições locais. Os trabalhistas conquistaram 1.140 cadeiras nas eleições locais, 231 a mais do que na disputa anterior. A legenda de oposição também conquistou maioria em 50 conselhos municipais. O Partido Conservador, em contrapartida, perdeu 396 cadeiras, ficando com um total de 513. Também perdeu maioria 10 conselhos municipais, sendo derrotado não apenas pelos trabalhistas, como também pelos liberais democratas, que conquistaram 521 cadeiras.

Após 14 anos no poder, os conservadores demonstram fragilidade em um momento crítico. O Reino Unido vai realizar eleições gerais em algum momento deste ano. A data exata cabe exclusivamente ao premier Rishi Sunak, que tem até 17 de dezembro para convocar as eleições — embora analistas não acreditem que haja um momento oportuno para que as chances de Sunak melhores: em sete eleições especiais e locais disputadas nos 18 meses que está no poder, os conservadores sob seu comando foram derrotados.

Apesar do cenário sombrio, parece que Sunak conseguiu conter os rumores de que um grupo de parlamentares conservadores tentaria derrubá-lo antes da votação. Os resultados locais, embora ruins, não foram tão catastróficos quanto poderiam ter sido, evitando um pânico total entre seus colegas. Tendo passado por três primeiros-ministros desde a última eleição, os conservadores também estão ficando sem alternativas de liderança. Analistas apontam que é possível que o atual premier chegue à eleição como porta-estandarte de um partido exausto e dividido.

— A visão geral é que provavelmente é melhor deixar Rishi permanecer em seu cargo e absorver a derrota, eos sucessores se posicionarem para o que acontece depois que o Partido Trabalhista vencer por uma margem avassaladora — disse Matthew Goodwin, cientista político da Universidade de Kent, que já aconselhou o Partido Conservador.

Defensores de Sunak dizem que ele é vítima dos ventos econômicos globais resultantes da pandemia da covid-19, bem como do governo desastroso de Liz Truss, cujo amplo plano de corte de impostos assustou os mercados financeiros e manchou a reputação do Reino Unido em termos de probidade fiscal.

A inflação persistente, as altas taxas de hipoteca e uma economia estagnada antecederam Sunak. A taxa de inflação caiu para 3,2 por cento, de 11,1 por cento quando ele assumiu o cargo, embora o crédito por isso vá principalmente para o Banco da Inglaterra. Ele recebeu elogios por estabilizar os mercados e restaurar a credibilidade, mas críticos apontam que ele nunca seguiu isso com uma estratégia convincente para impulsionar o crescimento e Nem cumpriu as promessas de reduzir os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde e interromper o fluxo de solicitantes de asilo que cruzam o Canal da Mancha.

— Liz Truss arruinou a reputação do partido em termos de competência econômica — disse o professor Tim Bale, da Universidade Queen Mary de Londres. —Mas também é culpa de Sunak: ele não tem o controle, carisma ou autoridade que alguém encarregado do resgate precisaria ter.

O Partido Trabalhista tenta capitalizar o momento de fraqueza dos principais adversários. Em uma publicação após as vitórias locais neste sábado, o líder da legenda, Keir Starmer, convocou sua base a se engajar pela mudança do rumo político no país.

“É hora de virar a página do declínio conservador e inaugurar uma década de renovação nacional com o Partido Trabalhista”, escreveu. (Com NYT e AFP)

Fonte: O Globo

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