Com quatro mortes confirmadas por leptospirose, RS tem mais de 800 casos em investigação

Chuvas no RS: pessoas tentam atravessar ruas alagadas no bairro Navegantes, em Porto Alegre
Chuvas no RS: pessoas tentam atravessar ruas alagadas no bairro Navegantes, em Porto Alegre — Foto: Carlos Fabal / AFP

Após quatro óbitos confirmados por leptospirose relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) vem dedicando atenção aos cuidados e à informação acerca da doença. Vinculado ao órgão, o Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen/RS) está analisando mais de 800 amostras de casos de suspeita de leptospirose, segundo a SES.

“A realização de exames está disponível para todos os casos considerados suspeitos e que tiveram exposição à enchente”, afirma Loeci Natalina Timm, chefe do laboratório, em nota publicada no site da SES.

Para a análise dos casos, o Lacen dispõe de dois diagnósticos: o de biologia molecular (RT-PCR) e diagnóstico sorológico.

“O RT-PCR detecta a bactéria presente no organismo do paciente e é opção para análise de amostras coletadas nos primeiros dias de sintomas. Podem ser analisadas por este método amostras de pacientes com até sete dias de sintomas. Já o diagnóstico sorológico detecta o anticorpo produzido pelo organismo do paciente em resposta à infecção causada pela bactéria Leptospira. A reação sorológica é a opção de escolha para análise das amostras de pacientes que apresentam sintomas há sete dias ou mais”, explica a secretaria.

Segundo os dados atualizados, o RS tem até o momento 54 casos confirmados leptospirose, com quatro mortes. Outros quatro óbitos estão sob investigação.

O RS estima que o número de pessoas com leptospirose em decorrência das enchentes deve chegar a 1 mil até o fim da calamidade. O estado, que vive debaixo d’água há três semanas, teme risco de aumento de doenças infecciosas e contagiosas e monitora quadros de tétano, hepatite A, ataques peçonhentos, diarreia, sarna, piolho e síndromes respiratórias como gripe e Covid-19. O cenário deve piorar com a redução do nível das águas.

A contaminação com a bactéria Leptospira, responsável pela doença, é transmitida através da pele — especialmente se esta estiver com lesões abertas — a partir da exposição direta ou indireta à urina de ratos ou outros animais contaminados.

Em locais onde ocorreram enchentes, esta urina pode se misturar à água e ser disseminada até chegar aos seres humanos. A infecção é considerada febril aguda, ou seja, provoca febre alta e tem, de acordo com o Ministério da Saúde, um risco de letalidade de 40% nos casos mais graves.

A primeira fase dos sintomas dura cerca de 3 a 7 dias, a segunda . Os principais da fase precoce são:

Em casos leves, o atendimento é ambulatorial, já os mais graves exigem hospitalização imediata. Sintomas em casos graves:

A principal recomendação para se prevenir contra a doença é evitar qualquer contato com água ou lama de enchentes. Caso isto não seja possível, botas e luvas de borracha ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés) são os equipamentos indicados.

Quando a água abaixar a orientação do Ministério da Saúde é retirar essa lama (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha) e desinfetar o local com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicionar duas xícaras de chá (400mL) de hipoclorito de sódio a 2,5% e deixar agir por 15 minutos.

Fonte: O Globo

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