Coiotes usaram fotos falsas para ameaçar mulher de brasileiro desaparecido no México: ‘Me van a matar’

O mineiro Fabiano Oliveira (à esquerda) e as fotos enviadas pelos coiotes do México
O mineiro Fabiano Oliveira (à esquerda) e as fotos enviadas pelos coiotes do México — Foto: Reprodução

Os coiotes responsáveis por levar Fabiano de Oliveira, de 37 anos, para os Estados Unidos, usaram fotos falsas para ameaçar e tentar extorquir a família do mineiro de Governador Valadares. O brasileiro está desaparecido desde setembro do ano passado. Seu último paradeiro conhecido é na cidade mexicana de Palenque. Nesta quinta-feira, a Polícia Federal (PF) fez uma operação contra os suspeitos de promoverem a imigração ilegal da vítima para os EUA.

Os contatos dos coiotes foram feitos com Maria Edna Rodrigues, mulher de Oliveira. As chamadas de vídeo e mensagens de texto começaram depois que o brasileiro teve um surto quando já estava em território mexicano. Eles chegaram a enviar fotos dizendo que iriam matar o brasileiro.

Os criminosos alegavam estar gastando muito dinheiro com Oliveira, que teria sido hospitalizado em uma unidade de saúde ligada ao Instituto de Emigración, do México. Os coiotes cobraram valores em dólares para fazer a videochamada, isso depois de insistentes pedidos de Edna para ver fotos do marido.

— Eles falaram em uma chamada de vídeo que (o pagamento) seria de US$ 1,5 mil (cerca de R$ 7,4 mil) e disseram que o matariam se eu não pagasse. Depois mandaram uma foto, mas eu tenho para mim que não é original, pois meus esposo é alto, largo nos ombros e sem manchas no corpo. Diferente das fotos. Eu faleu que não era a foto do meu marido — disse Edna em entrevista ao GLOBO.

Edna conta que as tentativas de extorsões seguiram naquele dia e chegou a receber ligações pela madrugada com supostas fotos de seu marido segurando uma placa pedindo ajuda em espanhol. Em uma delas é possível ler: “20 de dezembro de 2023. Ajuda-me” e “Me van a matar” (vão me matar, em tradução livre).

— Depois disso não insistiram mais, viram que não tínhamos dinheiro. Em janeiro entrei em contato com a polícia. Eles (policiais) falaram que a gente demorou a denunciar, mas a gente ficou com medo por eles serem perigosos. Onde moro é um lugar pequeno — disse Edna.

Oliveira trabalhava no Brasil como auxiliar de obras. Sua mulher é faxineira. O plano da família era de que o mineiro fosse para os Estados Unidos para juntar dinheiro, pagar dívidas, comprar um carro e voltar, de acordo com o relato de Edna, que se opôs à ida do marido para os Estados Unidos.

— Ele (Oliveira) nunca saiu nem de Minas Gerais, o mais longe que ele foi é Belo Horizonte — afirmou Edna. — A mãe dele era contra, a minha também. Minha sogra já foi e achou difícil (a travessia ilegal) — acrescentou.

A PF cumpriu nesta quarta-feira quatro mandados de busca e apreensão em operação para localizar Oliveira, em Governador Valadares. Com os suspeitos de promoção de emigração ilegal para os Estados Unidos foram encontrados com armas, munições, passaportes brasileiros e estrangeiros.

A ação iniciou após denúncia de familiares de Oliveira, que procuraram a PF para comunicar o desaparecimento do homem nas proximidades da cidade de Palenque, território mexicano. A cidade em que o mineiro se perdeu ainda estava longe da divisa com o país americano. O mineiro natural de Governador Valadares, sofreu um surto psicótico e perdeu o contato com os parentes desde setembro do ano passado, de acordo com a polícia.

As autoridades estrangeiras foram acionadas e foi emitida difusão amarela da Interpol, que é um alerta internacional para localizar uma pessoa desaparecida, o que até a presente data não ocorreu.

De acordo com informações da Interpol, Oliveira já esteve antes nos Estados Unidos e, além do México, têm registros da entrada do brasileiro em El Salvador e Guatemala.

Sua mulher, Edna, disse ao GLOBO que Oliveira deixou o Brasil por via aérea em 15 de setembro do ano passado e, para chegar ao México, pegou dois aviões. Depois, seguiu de carro rumo à fronteira com os Estados Unidos.

*Estagiário sob a supervisão de Alfredo Mergulhão

Fonte: O Globo

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