Climatempo aponta que ‘bloqueio atmosférico permanente’ explica chuvas no Sul e o calorão no Sudeste e Centro-Oeste

Fortes chuvas no Rio Grande do Sul (à esq.) e a onda de calor no Rio de Janeiro (à dir.)
Fortes chuvas no Rio Grande do Sul (à esq.) e a onda de calor no Rio de Janeiro (à dir.) — Foto: Anselmo Cunha / AFP e Márcia Foletto/Agência O Globo

Fortes chuvas atingem a região Sul do país nesta semana, enquanto cidades do Sudeste e Centro-Oeste vivenciam uma elevação sensível na temperatura. Os eventos climáticos extremos que assolam o Centro-Sul evidenciam a chegada de uma massa de ar quente na parte central do país e cria uma espécie de “prisão” para as tempestades nos estados sulistas, aponta o Climatempo. De acordo com o instituto, isso ocorre por conta de um “bloqueio atmosférico persistente”, que amplifica frentes frias e outros sistemas meteorológicos e levam à intensificação das precipitações.

No início da noite de sexta-feira, a Defesa Civil afirmou que chegou a 39 o número de mortos por consequência das chuvas que atingem todo o Rio Grande do Sul há cinco dias. Ao menos 68 pessoas seguem desaparecidas. De acordo com o último boletim, 265 cidades foram afetadas e mais de 32 mil pessoas estão fora de casa devido aos temporais — 8.168 em abrigos e 24.080 desalojados.

— Ainda estamos num momento de emergência. É o pior desastre já registrado na História do Rio Grande do Sul. Talvez um dos maiores desastres que o país já tenha observado, e de uma aflição enorme porque o tempo não tem dado tréguas. De segunda-feira para cá, já choveu mais de 800mm em algumas localidades, talvez tenhamos localidades com quase 1.000 mm acumulados em breve. E a dificuldade de resgate torna tudo mais aflitivo, angustiante. Para isso, estamos buscando todas as formas possíveis de acessar essas localidades e salvar vidas — disse o governador Eduardo Leite (PSDB) em coletiva realizada nesta sexta.

O físico Paulo Artaxo, especialista em mudanças climáticas, ressalta a necessidade de reforçar as defesas civis dos municípios e de reduzir a poluição para evitar novas crises ambientais no país:

— Vem ocorrendo uma intensificação na ocorrência de eventos climáticos extremos, como grandes secas, ondas de calor e inundações. Em ocasiões como a deste mês, eles ocorrem de maneira paralela. Precisamos orientar a sociedade para os perigos das mudanças climáticas.

A Defesa Civil emitiu uma série de alertas referentes à iminência de “inundações extremas” entre esta sexta e o sábado nas cidades localizadas ao redor do Rio Guaíba, inclusive a capital Porto Alegre, que atingiu o maior nível de cheia na noite desta sexta, com 4,7 metros. O órgão recomendou expressamente que as pessoas evitem essa região, advertendo que “apresenta uma cheia histórica com níveis em elevação podendo ultrapassar os 5 metros nas próximas horas, com a possibilidade de ultrapassar esse valor em um cenário mais crítico”.

A autoridade também pediu que as pessoas busquem abrigo e que não atravessem alagamentos a pé ou de carro. Outro rio que corta a região, o Gravataí, também enfrenta “elevação dos seus níveis”, o que levou a Defesa Civil a emitido um “alerta para inundação”.

Fonte: O Globo

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