Cirurgião alega que paciente de BH morta após fazer plástica teve virose e que exames iniciais não detectaram bactéria

Cirurgião plástico Rodrigo é investigado pela morte da paciente Norma Fonseca
Cirurgião plástico Rodrigo é investigado pela morte da paciente Norma Fonseca — Foto: Reprodução

O cirurgião plástico Rodrigo Credidio, investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais por suposto erro médico, negou as acusações e afirmou que acompanhou “pessoalmente a paciente em sua entrada no hospital, em razão de ter contraído uma virose”. A servidora pública Norma Eduarda da Fonseca, de 59 anos, morreu após contrair uma bactéria multirresistente cerca de um mês depois de realizar uma série de procedimentos estéticos com o médico, em Belo Horizonte. Segundo Credidio, exames de sangue não detectaram “nenhum sinal da presença de bactéria” quando a vítima foi internada.

“A confirmação (do quadro bacteriano) só ocorreu, nessa mesma unidade de saúde, um mês após a realização do procedimento conduzido por mim, o que confirma a impossibilidade de ligação entre os eventos”, alega o cirurgião plástico, ressaltando que “nenhum tipo de intercorrência” ocorreu durante as cirurgias.

A polícia abriu um inquérito para investigar a causa da morte da paciente. De acordo com o filho da vítima, o médico Rodrigo Credidio, que possui mais de 84 mil seguidores em uma rede social, realizou cinco plásticas em Norma em uma única cirurgia que durou mais de sete horas.

Conforme relato de Gustavo Botelho, filho da vítima, ao jornal O Tempo, a paciente teve alta no dia seguinte da cirurgia. Poucos dias depois, ela começou com sintomas como vômito, diarreia, inchaço abdominal, além de indícios de necrose nos locais operados. Ao relatar o problema ao cirurgião, Gustavo afirma que o médico manteve contato com a vítima apenas por mensagens e sequer marcou um retorno hospitalar.

Norma, que trabalhava como servidora pública na Universidade Federal de Minas Gerais, realizou as cirurgias em fevereiro, de acordo com a família. Ela chegou a ficar dois meses internada por conta de complicações pós-operatórias e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos após contrair uma bactéria.

O GLOBO checou que Rodrigo Credidio tem ao menos outros dois processos por erro médico registrados no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Os casos são de 2019 e, por correrem em segredo de justiça, não é possível saber se o cirurgião foi ou não absolvido.

Credidio atende em uma clínica no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Nas redes sociais, ele já chegou a compartilhar entrevistas que concedeu falando sobre o crescimento de erros médicos durante procedimentos estéticos.

Conforme divulgado pelo g1, a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte informou que a Clínica Credidio não possui denúncia registrada e está em processo de renovação de alvará sanitário, o que não impede o funcionamento do local. Contudo, o estabelecimento já foi multado anteriormente em R$ 9.979,53 devido a “irregularidades no processo de esterilização”.

O cirurgião alega que a “Vigilância Sanitária promoveu diversas visitas nos últimos dias ao Hospital em que a paciente foi operada” e não foi “encontrado nenhum indício de descumprimento das normas sanitárias vigentes”. Ele também nega a existência de “exame ou indício que aponte para má conduta relacionada ao procedimento”.

Primeiramente, quero manifestar meus pêsames pelo falecimento da paciente Sra. Norma Eduarda da Fonseca e minha solidariedade aos seus familiares e amigos.

Em razão do Código de Ética Médica, que estabelece a obrigação de preservar o sigilo de prontuário da paciente, não posso entrar em detalhes sobre o caso clínico. No entanto, esclareço que as razões que a levaram a um grave quadro de infecção e, consequentemente, a óbito não têm relação com o procedimento realizado há mais de 60 dias, que ocorreu sem nenhum tipo de intercorrência.

Ressalto que acompanhei pessoalmente a paciente em sua entrada no hospital, em razão de ter contraído uma virose. Nessa ocasião, conforme comprovado mediante exames de sangue, não constava nenhum sinal da presença de bactéria multirresistente. A confirmação só ocorreu, nessa mesma unidade de saúde, um mês após a realização do procedimento conduzido por mim, o que confirma a impossibilidade de ligação entre os eventos.

Informo que a Vigilância Sanitária promoveu diversas visitas nos últimos dias ao Hospital em que a paciente foi operada e em minha clínica, não sendo encontrado nenhum indício de descumprimento das normas sanitárias vigentes. Tal fato reforça meu compromisso com a segurança de todos os pacientes por mim atendidos. Reitero que não existe nenhum exame ou indício que aponte para má conduta relacionada ao procedimento, sendo que toda a documentação se encontra disponível para acesso de familiares e autoridades competentes.

Estou à disposição para esclarecimento de eventuais dúvidas.

Fonte: O Globo

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