Chuvas no Sul: Equipe de Pimenta com petistas derrotados incomoda aliados de Leite

O ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e o governador do RS, Eduardo Leite (PSDB)
O ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e o governador do RS, Eduardo Leite (PSDB) — Foto: Fotos de Brenno Carvalho/O Globo e Gregóri Bertó/Secom

Oficialmente, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sempre afirma que não há nenhum ruído com a gestão Lula no trabalho de combate à tragédia das chuvas no estado, e que os dois governos trabalharão em conjunto.

Nos bastidores, porém, há um incômodo entre aliados do governador com a composição do gabinete de Paulo Pimenta , no ministério recém-criado por Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar os trabalhos de reconstrução do estado.

Além do fato de Pimenta pretender se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul contra o grupo de Leite nas eleições de 2026, o que provocou críticas de uso político do ministério para beneficiá-lo nas eleições, novo ministro ainda colocou na equipe três outros políticos do PT derrotados em eleições passadas – que, na avaliação de integrantes do governo estadual, também teriam planos de voltar a disputar cargos eletivos.

No governo gaúcho, alguns interlocutores ironizam as escolhas chamando de “resgate” dos petistas. “Enquanto ficam falando do Leite e suas declarações, o PT vai passando a boiada”, diz um desses aliados.

Pimenta, porém, nega qualquer tentativa de promover seus assessores e diz que nenhum deles é candidato a nada. “Estão enganados”, afirmou o ministro à equipe da coluna.

O mais ilustre dos “resgatados” é o ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia, que vai cuidar da relação com as bancadas de deputados estaduais e federais, encaminhando pedidos de recursos e emendas para os municípios.

Maia, que presidiu a Câmara entre 2010 e 2013 e chegou a ser alvo de um inquérito na Lava-Jato, acusado de cobrar propina da Odebrecht para não incluir a empresa na CPI da Petrobras. O inquérito foi arquivado em 2021.

Ele não conseguiu se reeleger em 2018, ficou como suplente, e assumiu uma vaga na Câmara entre janeiro e fevereiro de 2023 durante o recesso do Legislativo justamente porque Pimenta, que também é deputado, assumiu a Secom de Lula.

Com a troca da legislatura, ele perdeu a vaga.

Outro integrante do gabinete que já foi deputado e não se reelegeu foi Ronaldo Zulke, também petista, que vai cuidar das linhas de crédito do governo federal para o empresariado.

O chefe de gabinete de Pimenta é Emanuel Hassen de Jesus, ou Maneco Hassen, ex-prefeito de Taquari, uma das cidades mais afetadas pelos estragos das chuvas.

Hanssen já é chefe de gabinete de Pimenta na Secom e continuará na mesma função no novo ministério. Em 2022, ele se candidatou a deputado estadual, mas não ganhou e é suplente. Com as eleições municipais, pode assumir uma vaga na Assembleia Legislativa do estado.

Por enquanto, nenhum desses assessores de Pimenta se colocou como pré-candidato, e o ministro garante que não serão. Mas 2026 ainda está longe e a equipe de Leite avalia que isso pode mudar. Se isso acontecer, a reconstrução do Sul, pode acabar ajudando a reerguer também as carreiras políticas do grupo.

Fonte: O Globo

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