Chuvas no RS: mulher relata drama enquanto nível da água sobe e obriga família a subir no telhado: ‘mandem resgate’

Mulher relata drama enquanto nível da água sobe e obriga família a subir no telhado
Mulher relata drama enquanto nível da água sobe e obriga família a subir no telhado — Foto: Reprodução

Uma mulher compartilhou uma série de registros em suas redes sociais que mostram o nível da água subindo gradativamente ao longo da noite desta sexta e o início deste sábado, em decorrência das fortes chuvas que atingem há uma semana o Rio Grande do Sul. Os relatos de Débora Moraes, moradora de Canoas, tiveram início ainda na noite desta sexta, quando ela mostrou que o nível da água já chegava a cerca de um metro dentro da casa onde mora, cobrindo todos os móveis. Horas mais tarde, ela fez um apelo para que ela e os pais fossem resgatados, mostrando registros da água já chegando perto do teto do imóvel.

Em seguida, já durante a madrugada, em nova tentativa de conseguir o resgate, ela fez nova publicação afirmando estar “com dois idosos doentes de 70 anos que não conseguem subir para o telhado”. “Vamos morrer afogados. Mandem resgate, pelo amor de Deus”, alertou no post.

Pouco depois, nova publicação, desta vez com ela, os pais e um cão já no telhado do imóvel, reforçando a preocupação com o fato de, caso a água continuasse subindo, os pais não conseguiriam acessar a laje do local. Nos posts seguintes, novamente ela afirmava que o resgate ainda não havia chegado.

Já após o dia amanhecer, é possível ver que a água seguiu subindo. Horas depois, Débora contou que a mãe estava sofrendo hipotermia (queda brusca na temperatura corporal), após novo aumento no nível da água obrigar ela e os pais a subirem no telhado do imóvel.

“Pessoal, continuamos aqui em cima do telhado. Não vamos desistir. Tem mais gente ilhada aqui também, meus vizinhos ali na frente, outros aqui atrás, está todo mundo ilhado, e não vem ninguém aqui. Teve um helicóptero que tirou duas famílias e não vieram aqui buscar. Não sei mais o que pensar, o que fazer”, desabafou Débora.

Pouco depois, outro helicóptero passaria pelo local, mas sem realizar novos resgates. No story mais recente, na tarde deste sábado, ela seguia ilhada no local e afirmou que o nível da água continuava subindo, mesmo que em ritmo mais lento.

Já são 56 mortos por conta das chuvas no Rio Grande do Sul, de acordo com o boletim mais recente da Defesa Civil do estado. Ao todo, segundo o governo, há ainda 67 pessoas desaparecidas. A elevação “sem precedentes” do nível do Rio Guaíba também preocupa e já provoca uma série de transtornos na capital, onde há ordem de evacuação no Centro Histórico da cidade, e diques de proteção começam a apresentar rupturas.

“Absolutamente sem precedentes o que nós vivenciamos. Estou fazendo esse relato aqui para vocês porque as pessoas precisam entender a gravidade do que nós estamos passando aqui no Rio Grande do Sul”, disse o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), em live em seu perfil no Instagram na manhã deste sábado.

O nível da água do rio ultrapassou o limite dos cinco metros na manhã deste sábado (4). O registro foi feito no Cais Mauá 6, no Centro Histórico de Porto Alegre. A elevação chegou aos 5,04m, de acordo com o registro do do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH), gerenciado pela Agência Nacional de Águas (ANA).

O Guaíba já havia superado o recorde de maior nível na noite desta sexta-feira, de acordo com dados do SNIRH, ao atingir os 4,77m de água. O nível crescente ameaça romper os diques de proteção que ainda impedem um estrago maior na capital.

Apesar da gravidade da situação, houve ainda uma pane durante a manhã de sexta-feira nos medidores e os técnicos do estado acabaram perdendo o referencial. A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) esclareceu, no entanto, que durante a tarde desta sexta contou com o apoio do Serviço Geológico do Brasil (SGB) para a instalação de uma régua no Cais Mauá para a obtenção de informações sobre o nível dos Guaíba e que trabalha na sistematização da disponibilização dos dados.

Fonte: O Globo

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