Na contramão da tendência atual de redução, um novo balanço da Defesa Civil do Rio Grande do Sul atestou que o nível do Rio Uruguai (Uruguaiana) e da Lagoa dos Patos se manteve estável ou cresceu na atualização das 17h desta quarta-feira. A inundação sem precedentes é resultado da chuva intensa e concentrada na semana passada, quando choveu o volume esperado para o outono inteiro em apenas quatro dias.
Em comparação com o boletim de 12h, o nível na Lagoa dos Patos permaneceu em 2,15m. A altura do Rio Uruguai (Uruguaiana), por sua vez, foi de 10,64m para 10,80m no intervalo de cinco horas.
Já o nível do Rio Guaíba, que chegou a 5,33 metros de altura na noite de segunda-feira, atingiu o menor patamar desde a sexta-feira passada na atualização mais recente da Defesa Civil (5,03m). Esta é a principal via fluvial de Porto Alegre.
Como mostrou o GLOBO, o nível da água subiu depressa, mas escoa lentamente devido não apenas ao volume colossal, mas também porque o Guaíba deságua na Lagoa dos Patos, por uma estreita passagem, de cerca de dois quilômetros. E a Lagoa dos Patos também tem um escoamento lento, afetado por ventos e com uma saída apertada para o oceano.
Municípios do entorno da Lagoa dos Patos, como Pelotas e Rio Grande, estão em alerta máximo porque a onda de cheia do Rio Guaíba já começou a entrar. Lá, a inundação deve durar cerca de 20 dias, segundo estimativas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Serviço Geológico Brasileiro (SGB).
O número de pessoas desaparecidas em decorrência das chuvas que assolam o Rio Grande do Sul subiu para 130, de acordo com boletim da Defesa Civil do estado divulgado na noite desta quarta-feira. No documento divulgado ao meio-dia, eram 128 desaparecidos. Não houve aumento no número de mortos, que chegou a 100 no começo tarde, nem de pessoas atingidas — a crise climática comprometeu a vida de 1,4 milhão de gaúchos.
As autoridades ainda investigam duas mortes para ver se há relação com os eventos meteorológicos que assolam o estado. O novo balanço aponta que 425 municípios foram afetados pelas fortes chuvas desde a semana passada — quase a totalidade do estado, que é composto por 497 cidades.
O novo balanço da Defesa Civil aponta que há 163 mil pessoas desalojadas e outras 67 mil já foram direcionadas para abrigos distribuídos pelo estado. De acordo com o monitoramento do governo, há ainda 374 pessoas feridas.
O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu quatro alertas de chuvas para o Rio Grande do Sul. O alerta de “Grande Perigo” é para tempestades no sudoeste e sudeste do estado. Sem chuva no final da tarde desta quarta-feira, o nível do Rio Guaíba chegou ao menor nível desde o sábado, de 5,04 metros. As medições são realizadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Durante a madrugada e pela manhã desta quarta-feira, as chuvas ficam concentradas na parte sul do estado. Já os dois de “Perigo” são do sul ao centro gaúcho, com previsão de tempestade e granizo de forma isolada.
— Na parte do sudeste gaúcho é um acumulado por conta das chuvas, que já ultrapassaram os 100 milímetros na região próxima a Pelotas. Também há um aumento do nível da água das praias. Em termos de previsão, a região ainda segue com tendências de chuva nessa área — explica Andrea Ramos, meteorologista do Inmet.
Na capital Porto Alegre e nas regiões noroeste, nordeste e centro oriental do estado o alerta é de “Perigo Potencial”, com chuva até 50 mm/dia e ventos intensos (40-60 km/h). Ainda há baixo risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. A especialista explica que essas previsão acontece por conta do deslocamento de uma frente.
Fonte: O Globo