Chuvas no RS: 82% dos imóveis rurais alagados são pequenas propriedades

El Dourado do Sul: cidade do RS está debaixo d'água por conta das chuvas
El Dourado do Sul: cidade do RS está debaixo d'água por conta das chuvas — Foto: Edilson Dantas / O Globo

Mais de 80% dos imóveis rurais alagados no Rio Grande do Sul pelas fortes chuvas que atingiram o estado são pequenas propriedades, de acordo com um levantamento feito a partir de imagens de satélites. O estudo analisou 7.854 imóveis atingidos pelas enchentes em 58 municípios. Desses, 6.475 (82.4%) foram classificados como pequenos.

O estudo foi elaborado pelo Terra Analytics e pela R.Torsiano Consultoria Agrária, Ambiental e Fundiária. Propriedades médias somaram 11,4% dos imóveis atingidos, e as grandes representam 6%.

Para Richard Torsiano, diretor executivo do Terra Analytics e responsável por coordenar o estudo, os dados indicam que, mesmo quando água baixar, o governo terá que ajudar os produtores a recuperar sua capacidade produtiva.

— A gente obviamente sabe que em todo o território o número de pequenas propriedades vai ser maior, pela concentração de terras, mas é impactante o volume. Mais de seis mil imóveis, desse total de 7.800, e a área inundada algo muito chocante, quase 50% desses imóveis — afirma Torsiano. — O governo tem que investir muito em um processo de apoio, focado nesse processo de recuperar a capacidade produtiva.

Nas propriedades pequenas, 48% da área ficou inundada. Esse percentual é de 45% nas médias e de 30% nas grandes.

Quando é analisada a área total atingida pelos alagamentos, quase metade (49%) é de grandes propriedades, enquanto 28% é de pequenas e 21% de médias. A classificação do tamanho dos imóveis seguiu os padrões oficiais: pequenas propriedades têm até quatro módulos fiscais, as médias têm entre quatro e 15 e a grande são maiores do que 15. A medida de um módulo fiscal depende de cada município, e o valor é definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O levantamento também mostrou que, nos imóveis atingidos, houve um desmatamento de 78,71% da vegetação nativa até 2021. Torsiano registra que parte dessa derrubada ocorreu dentro dos limites permitidos pela legislação, mas que em alguns casos houve desrespeito às regras, inclusive depois do novo Código Florestal, e que isso tem efeitos em momentos de fortes chuvas.

— Quanto menos cobertura vegetal as propriedades tem, especialmente nessas regiões próximas aos rios, a água naturalmente vai correr com muito mais força.

Fonte: O Globo

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