China acusa presidente de Taiwan de empurrar ilha para ‘guerra’ e diz que manobras são teste para tomar poder

Navio de guerra chinês em exercício militar ao redor de Taiwan
Navio de guerra chinês em exercício militar ao redor de Taiwan — Foto: Exército de Libertação Popular da China via AFP

A China acusou, nesta sexta-feira, o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, de empurrar a ilha “em direção à guerra” e ameaçou reforçar suas “contramedidas”, no segundo dia de exercícios militares ao redor do território. O comando militar chinês afirmou que as manobras são um teste de capacidades para “tomar o poder” na região.

— Desde que tomou posse do cargo, o dirigente da região de Taiwan tem questionado seriamente o princípio de uma só China, (…) o que está empurrando os nossos compatriotas de Taiwan para uma situação perigosa de guerra — afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa, Wu Qian, em um comunicado. — Isto se chama brincar com o fogo. E quem brinca com o fogo, certamente se queima.

Pequim e Taipé vivem um momento de particular tensão com a chegada do presidente Lai Ching-te ao poder na ilha. Em sua posse, na segunda-feira, Lai fez um discurso que celebrou a democracia de Taiwan, o que foi denunciado pelos chineses como uma “confissão de independência”. Em resposta, as Forças Armadas chinesas lançaram uma manobra militar extensiva de cerco ao território de Taiwan, com movimentações ao norte, sul e leste da ilha principal, e ao redor das ilhas de Kinnen, Matsu, Wuqiu e Dongyin.

Em uma declaração nesta sexta-feira, o porta-voz militar chinês Li Xi afirmou que os exercícios eram pensados para testar a capacidade de tomar o poder, lançar ataques conjuntos e ocupar áreas-chave.

A Guarda Costeira de Taiwan denunciou nesta sexta-feira que quatro navios da Guarda Costeira chinesa entraram em “águas restritas” em seu território, acompanhados por mais duas embarcações de apoio nas proximidades. Taipé ainda afirmou que essa era a oitava vez neste mês que os navios faziam esse tipo de aproximação. As Nações Unidas pediram a todas as partes que evitem uma escalada, e os Estados Unidos, principal aliado e fornecedor de armas de Taiwan, instaram “firmemente” a China a agir “com moderação”. Pequim não deu sinal de arrefecimento.

— Cada vez que [o movimento que apoia] ‘a independência de Taiwan’ nos provocar, nós vamos dar um passo a mais com nossas contramedidas, até conseguir a reunificação completa da pátria — advertiu Wu Qian.

China e Taiwan são governados separadamente desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, mas Pequim reivindica sua soberania sobre a ilha e não descarta o uso da força para tomar seu controle.

O território tem relações diplomáticas oficiais com apenas 12 países do mundo, mas possui governo, exército e moeda própria e desempenha um papel crucial na economia mundial como principal produtor de semicondutores. (Com AFP)

Fonte: O Globo

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