‘Chame a Frida’: atendente virtual da Polícia de Minas recebe denúncias sobre casos de violência doméstica; entenda

Frida é a nova atendente virtual para casos de violência doméstica em Minas Gerais; entenda
Frida é a nova atendente virtual para casos de violência doméstica em Minas Gerais; entenda — Foto: Divulgação

A Polícia Civil de Minas Gerais divulgou, nesta sexta-feira, uma nova maneira de facilitar o atendimento a casos de violência doméstica no estado. Criada para acolher, orientar e socorrer mulheres em situação de vulnerabilidade, a atendente virtual Frida já está disponível para ser acionada pelo WhatsApp em Belo Horizonte e em outras 46 cidades do estado de MG.

Dentre as funcionalidades do serviço estão o direcionamento das vítimas de violência doméstica a soluções rápidas, com esclarecimento de dúvidas sobre a Lei Maria da Pena (11340/06) e a possibilidade de realizar denúncias. Além disso, em contato com a Frida é possível realizar denúncias e agendar datas para requerimento de medidas protetivas.

De acordo com a escrivã e idealizadora do projeto, Ana Rosa Campos, a pandemia de Covid-19 evidenciou o problema das mulheres, vítimas de violência, que viviam em zonas rurais e afastadas de Delegaciais. Dessa maneira, segundo Ana Rosa, a Frida surgiu a partir da percepção de uma maior demanda de acolhimento em determinadas regiões de MG.

— Estou na Polícia há 11 anos, trabalho na cidade pequena de Manhuaçu, e o que eu faço é lidar com caso de violência doméstica. De acordo com a ONU, o Brasil está em quinto lugar num ranking de violência doméstica, sendo que Minas Gerais lidera como o estado que mais mata mulheres por feminicídio, devido à extensa zona rural. Com a pandemia do Covid-19, enfrentamos um gravíssimo problema, mas em Minas ficou muito acentuado porque temos uma extensa área de zona rural, com mulheres que vivem afastadas da cidade. Como essas mulheres iriam chamar a polícia? Acessar os serviços das delegacias? Porque elas estavam em casa, confinadas com estes maridos. Pensando nisso, eu tive a ideia de criar um projeto que levasse a delegacia para casa dessas mulheres, onde elas pudessem acessar o serviço e nos afazer os domésticos delas ali —, explicou Ana.

Ana ainda contou que a ideia de usar o WhatsApp e não desenvolver um aplicativo específico ocorreu pela facilidade do uso e do acesso dentro do app.

— Poderíamos pensar num aplicativo, mas eu pensei em criar um chatbot no WhatsApp porque fica mais fácil para a mulher acessar, fica mais fácil para essa mulher entender esse acionamento e mais fácil de usar. O aplicativo, às vezes, tem que baixar no celular e precisa de um aparelho mais moderno e já o WhatsApp é um aplicativo mais leve que qualquer celular comporta. Para além disso ainda, o WhatsApp funciona, na maioria dos casos, alguns pacotes, por exemplo, que existem no Brasil, funcionam mesmo sem crédito —, detalhou a idealizadora.

Ao ser acionada, a Frida usa um banco de dados de mensagens automáticas e pré-programadas para o acolhimento da vítima, com o direcionamento dos casos e avaliação de risco, mediante possibilidade de acionar a Polícia presencialmente. O nome do projeto é uma homenagem à pintora mexicana.

— Não utilizamos sequer um real do serviço da máquina pública para desenvolver esse projeto. Fizemos tudo apenas com o celular e o uso de um aplicativo que desenvolveu o chatbot. O robô se chama Frida, em homenagem à pintura mexicana Frida Kahlo, que, até onde se sabe, foi a primeira artista plástica que pintou um quadro sobre feminicídio, que é justamente a alma do projeto Chame a Frida. A alma é impedir que mulheres sofram violências em razão da violência de gênero, em razão da condição do sexo feminino, do gênero feminino —, explicou a escrivã Ana Rosa.

A inauguração oficial do projeto foi feita na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade.

Fonte: O Globo

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