Caso de Alexei Navalny, principal opositor de Putin, aumenta lista de mortes suspeitas na Rússia; confira

Alexei Navalny aparece em videoconferência durante audiência de tribunal de Moscou
Alexei Navalny aparece em videoconferência durante audiência de tribunal de Moscou — Foto: Reprodução

A morte de Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo Vladimir Putin, aumenta a lista de mortes suspeitas na Rússia. Em comunicado publicado nesta sexta-feira, o Serviço Penitenciário Federal afirmou que ele “sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência”. Médicos da instituição teriam sido chamados, e “todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não tiveram resultados positivos”. O órgão afirmou que as causas da morte estão sendo investigadas.

Navalny, um ativista anticorrupção e um dos principais adversários políticos do presidente russo, Vladimir Putin, cumpria pena de 19 anos de prisão por “extremismo”. Ele foi detido em janeiro de 2021 ao retornar à Rússia, depois de se recuperar na Alemanha de um envenenamento que, segundo ele, foi planejado pelo Kremlin.

Relembre outras mortes não esclarecidas que levantaram suspeitas na Rússia:

Em junho, a polícia russa abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da 11ª morte (e até então última) de uma pessoa de influência do país desde o ano passado. Desta vez, a investigação é a respeito de Kristina Baikova, a vice-presidente do Loko-Bank, que caiu do 11º andar de um prédio em Moscou, no dia 23 de junho.

A executiva, de 28 anos, é a mais recente de uma série de óbitos misteriosos de pessoas ricas – algumas delas bilionárias – desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e tornou-se alvo de sanções econômicas. De acordo com o site The Insider, Kristina caiu da janela de um apartamento situado no Khodynsky Boulevard, em Moscou, durante a noite. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu na hora.

O jornal inglês Daily Mail afirma que Kristina estava acompanhada de um amigo, de 34 anos, identificado apenas como Andrei. Os dois bebiam dentro do imóvel.

O caso de Kristina se junta a uma série de mortes misteriosas de oligarcas russos, desde o começo de 2022. Em dezembro do ano passado, Pavel Antov morreu após cair da sacada do quarto onde estava hospedado na Índia. Ele tinha uma fortuna estimada em R$ 782 milhões e era crítico ao governo do presidente Vladimir Putin pela invasão da Ucrânia.

Yuri Voronov, de 61 anos, era ligado à Gazprom, empresa estatal da área de energia, e foi encontrado morto em sua casa, nos arredores de São Petersburgo, em julho. O corpo de Voronov estava boiando na piscina, com um tiro na cabeça. Uma pistola foi encontrada no local, assim como cápsulas de munição deflagradas, segundo a imprensa russa. A residência de alto padrão fica localizada no distrito de Vyborgsky.

Ele foi o fundador e diretor geral da empresa de transporte e logística Astra-Shipping, que tinha contratos milionários com a Gazprom. O caso é investigado pela polícia russa. De acordo com informações preliminares divulgadas pela imprensa local, a arma foi disparada à queima-roupa e Voronov morreu até 14 horas antes de seu corpo ser descoberto.

Ex-vice-presidente da empresa de gás natural Novatek, Sergei Protosenya, de 55 anos, foi encontrado morto em sua mansão na Catalunha, na Espanha, ao lado dos corpos da sua mulher, Natalya, e filha, Maria. A suspeita da polícia espanhola é de que o homem tenha esfaqueado as duas e depois se enforcado no jardim da residência, em 19 de abril.

Segundo veículos de imprensa locais, o corpo do homem não tinha traços de sangue. Uma carta de suicídio também não foi encontrada pelas autoridades.

— Ele amava a minha mãe e principalmente Maria, a minha irmã. Ela era a sua princesa. Nunca faria nada para as prejudicar. Não sei o que aconteceu naquela noite, mas sei que não foi o meu pai que as assassinou. Ele não foi — disse o filho de Sergei, Fedor Protosenya, de 22 anos, que estava na França quando o crime aconteceu.

Com uma fortuna estimada em US$ 440 milhões, Protosenya formou-se engenheiro em Moscou. Segundo jornais da Catalunha, a polícia encontrou no local da morte seis carros das marcas BMW, Mercedes, Mustang e Audi, além de pelo menos 10 mil euros em espécie.

Menos de 24 horas depois da morte Protosenya e sua família, o também multimilionário Vladislav Avayev, de 51 anos, foi encontrado morto com sua mulher e a filha de 13 anos em um apartamento em Moscou. A morte é similar à de Protosenya: Avayev teria matado a família com uma pistola e depois cometido suicídio.

Treze armas teriam sido encontrados dentro do apartamento de luxo de Avayev, avaliado em 2,4 milhões de euros. O multimilionário havia sido vice-presidente do Gazprombank, um dos principais do país.

Leonid Schulman, de 60 anos, ocupava o cargo de diretor da Gazprom e foi encontrado morto na banheira de sua casa, em São Petersburgo. Uma carta indicando suicídio estava próxima ao corpo.

A morte de Schulman foi a primeira ligada à Gazprom. Segundo a empresa, ele havia tirado uma licença para tratar de problemas de saúde. “Nosso colega, chefe do serviço de transporte, Leonid Aleksandrovich Shulman, faleceu. As circunstâncias estão sendo investigadas”, disse a empresa, em comunicado na época.

Nascido na Ucrânia, Mikhail Watford, de 66 anos, foi encontrado morto em sua residência de luxo, avaliada em 18 milhões de libras, no condado de Surrey, na Inglaterra. A polícia inglesa ainda não esclareceu as circunstâncias de sua morte, mas adiantou que não a considera suspeita.

Watford fez fortuna nas indústrias de gás e petróleo após a queda da União Soviética. Nascido Mikhail Tolstosheya, ele decidiu alterar seu sobrenome após se mudar para Inglaterra no início dos anos 2000.

Dono de uma empresa do setor médico, Vasily Melnikov foi encontrado morto com sua família em uma casa em Novgorod. As circunstâncias da morte de Melnikov são similares às de outros russos na lista, e a polícia suspeita que ele tenha matado a mulher e os filhos. Sua empresa, a Medstom, foi fundada em 2003 e trabalha fornecendo equipamentos e insumos para hospitais.

Também ligado à Gazprom, Alexander Tyulyakov, de 61 anos, foi encontrado enforcado nos arredores de São Petersburgo, no dia 25 de fevereiro. Seu corpo estava na garagem de um chalé.

A última morte suspeita foi a de Andrei Krukovsky, um russo de 37 anos que trabalhava como diretor-geral do resort de ski de Krasnaya Polyana, gerido pela Gazprom. Ele teria caído de um penhasco na fortaleza de Aczipsinskoy, na cidade de Sochi, e não resistiu aos ferimentos.

O bilionário Alexander Subbotin, de 43 anos, foi encontrado morto na casa de um xamã no último fim de semana. A suspeita é de que o magnata tenha se intoxicado por veneno de sapo. Subbotin foi encontrado morto no porão da casa em Mytishchi, uma cidade a nordeste de Moscou, no domingo. A agência russa Tass informou que o bilionário aparentemente sofreu um ataque cardíaco.

De acordo com a Tass, o bilionário supostamente foi para a casa do xamã Magua “em estado de intoxicação alcoólica grave e drogas no dia anterior” de sua morte. A morte teria ocorrido após uma sessão para curar ressaca.

Segundo a revista Newsweek, o xamã fez incisões na pele de Subbotin e pingou veneno de sapo. A justificativa para o procedimento, segundo a agência italiana Ansa, era o fortalecimento do sistema imunológico.

Fonte: O Globo

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