Campos Neto defende desindexação do salário mínimo da Previdência

Roberto Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, defendeu nesta 5ª feira (6.jun.2024) a desindexação do salário mínimo do piso da Previdência Social e a desvinculação dos gastos da saúde e educação no Orçamento Federal. Ele participou do eventoMKBR” para tratar do mercado de capitais, organizado pela B3.

“O governo tem mais recentemente falado em medidas alternativas, como desindexação do salário mínimo da Previdência e a desvinculação de saúde e educação. São medidas muito boas, que seriam um choque positivo e ajudariam muito neste momento. A gente apoia qualquer uma”, declarou.

A desindexação do salário mínimo da Previdência Social foi alvo de embate entre a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), em maio.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Tebet disse avaliar a desvinculação dos benefícios da Previdência Social da política de valorização do salário mínimo. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou uma correção do salário mínimo que garante um reajuste acima da inflação. A medida tem implicações para os gastos da Previdência Social, que, atrás do pagamento dos juros da dívida, é a principal despesa do governo.

Tebet defendeu corrigir pela inflação. A presidente do PT declarou que a ideia é ruim e contraria o programa do presidente Lula. “Se adotadas, iriam prejudicar diretamente milhões de aposentados”, disse.

Campos Neto afirmou que a política fiscal tem sido questionada recentemente e que as revisões de metas fiscais ajudou a provocar “prêmio de risco” na curva longa da política monetária. Na prática, os agentes financeiros esperam juros maiores ao longo dos próximos anos.

Apesar de defender a medida, Campos Neto disse que o Banco Central somente avalia como a política fiscal pode ter impacto na política monetária. Segundo ele, houve uma piora na percepção do cenário das contas públicas nas respostas dos agentes econômicos à autoridade monetária.

“Acho que tem um efeito também do ruído do que é preciso em termos de negociação no Congresso para aprovar as medidas que garantam a parte da receita”, disse Campos Neto.

Campos Neto disse que o movimento de enfrentamento à da pandemia de covid-19 foi “sincronizado” e provocou consequências na inflação global. Declarou que houve o “maior conjunto de medidas de fiscal e monetária da história do mundo”, como aumento de gastos e estímulos de crédito com juros baixos.

Segundo ele, os países tiveram efeitos colaterais “parecidos” e que estão sendo “tratados até hoje”.

O presidente declarou que a inflação de serviços tem uma pequena e incipiente desaceleração, mas ainda está mais “pressionada”. Campos Neto afirmou que houve “surpresas positivas” nos índices de empregos, mas que também pressionam a inflação de serviços.

“No mundo desenvolvido, [a inflação de serviços] está muito longe do que era o normal. No mundo emergente, está alta, mas a gente já viu preços dessa inflação de serviços mais ou menos neste patamar várias vezes no passado”, declarou.

Campos Neto disse que, no Brasil, a inflação tem convergindo para a meta. Defendeu que tem uma preocupação com o mercado de trabalho “apertado” e a inflação de alimentos. Afirmou que o Rio Grande do Sul adiciona um fator de preocupação nos preços dos alimentos.

Campos Neto declarou que as expectativas de inflação são o tema mais “desafiador”. Declarou que têm piorado em 2024, 2025 e 2026. Disse que tem “vários motivos” e “ruídos”. Citou alguns temas que estão no radar:

 “A gente tem um cenário onde a gente tem, pela 1ª vez, a inflação corrente vindo relativamente comportada, mas com uma expectativa desancorando”, disse.

Campos Neto disse que há dúvidas sobre o que “significa” o evento no Rio Grande do Sul em termos de crescimento. Declarou que o Banco Central tem uma projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) atrás das estimativas do Boletim Focus, mas disse que haverá uma revisão “perto de 2%”. O BC esperavacrescimento de 1,9% em 2024 em relatório divulgado em março.

Fonte: Poder360

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