Câmara faz sessão solene em homenagem a Marielle e Anderson

Placa em homenagem a Marielle no plenário da Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados realizou nesta 3ª feira (26.mar.2024) uma homenagem à vereadora Marielle Franco e ao motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018 no Rio de Janeiro. A sessão solene foi realizada no plenário da Casa Baixa e contou com a presença de ministros, congressistas e militantes da esquerda. 

A deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) disse que “um passo importante foi dado na busca por esclarecimento” com a prisão dos supostos mandantes do crime em operação da PF (Polícia Federal) no domingo (24.mar). Um deles, o deputado Chiquinho Brazão (sem-partido-RJ), foi expulso do União Brasil. A Câmara decide na tarde desta 3ª feira (26.mar) se mantém ou anula sua prisão.

“Esse é um momento que, por um lado, nos dá esperança de um desfecho”, afirmou a ministra. 

Militantes levaram ao plenário cartazes e placas de rua com o nome de Marielle. Também foram trazidos tambores e instrumentos, que eram tocados depois de cada discurso, com gritos de “Marielle presente” e “Anderson Presente”

A sessão foi conduzida por Talíria Petrone e pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), na condição de integrante da Mesa Diretora da Câmara. 

“O atentado contra a vida de Marielle e Anderson representa um atentado contra o livre exercício do mandato parlamentar, a integridade da democracia e o próprio Legislativo brasileiro”, afirmou Petrone.

Maria do Rosário disse ser preciso dar seguimento a uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para federalizar investigações sobre crimes cometidos que envolvam a milícia para evitar que haja obstrução de justiça, como no assassinato de Marielle e Anderson.  

“Como legisladores, diante de um caso nítido de tentativa de obstrução de justiça, temos que discutir a importância da desvinculação da perícia oficial de natureza criminal das polícias civis”, disse a congressista. 

A viúva de Anderson Gomes, Agatha Reis, participou da sessão remotamente. O motorista deixou a mulher e o filho Arthur, que tinha só 2 anos na data do assassinato.  

O ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, também compareceu à homenagem. Em discurso, o ministro declarou que é preciso recuperar o território brasileiro das milícias e disse que a morte de Marielle “deu a oportunidade” de discutir o aperfeiçoamento da segurança pública no país. 

“Esses assassinos subestimaram a força do povo brasileiro, é por isso que estamos aqui hoje. Acharam que estavam matando ‘só’ mais uma mulher negra. Eles nos deram a oportunidade de discutir um novo projeto para a sociedade brasileira de segurança pública”

Leia abaixo a lista de presentes na sessão: 

Marielle e Anderson foram mortos na noite de 14 de março de 2018. A vereadora havia saído de um encontro no instituto Casa das Pretas, no centro do Rio. O carro em que a vereadora estava foi perseguido pelos criminosos até o bairro do Estácio, que faz ligação com a zona norte.

Investigações e uma delação premiada apontaram o ex-policial militar Ronnie Lessa como autor dos disparos. Teria atirado 13 vezes em direção ao veículo.

Lessa está preso. Já havia sido condenado por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. O autor da delação premiada é o também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o Cobalt usado no crime.

Outro suspeito de envolvimento preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel. Seria dele a responsabilidade de entregar o Cobalt usado por Lessa para desmanche. Segundo investigações, todos têm envolvimento com milícias.

No fim de fevereiro, a polícia prendeu Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha. Ele é o dono do ferro-velho suspeito de fazer o desmanche e o descarte do veículo usado no assassinato.

No domingo (24.mar), a PF prendeu os supostos mandantes da morte da vereadora: os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ).

Domingos é conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) e Chiquinho é deputado federal. As investigações da PF mostraram que ambos tinham envolvimento com a milícia do Rio de Janeiro e que colocaram Marielle como um “obstáculo”.

Além deles, também foi preso o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, acusado de tentar obstruir as investigações.

As prisões se deram depois da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, autor dos disparos contra a vereadora.

Fonte: Poder360

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