As enchentes que atingem o Rio Grande do Sul já deixaram 107 pessoas mortas e 128 desaparecidos. O drama das inundações afeta também os animais, que em meio ao caos lutam pela sobrevivência. Segundo o Governo do estado, cerca de 10 mil animais foram resgatados até o momento. O balanço não contabiliza os salvamentos feitos nos municípios fora da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Na região do centro histórico da capital gaúcha, a Usina do Gasômetro virou um hospital veterinário a céu aberto. No primeiro dia de sol desde semana passada, quando as inundações começaram, cachorros e gatos sem dono chegam a todo momento trazidos por voluntários. No local, os animais passam por uma triagem, são identificados quando possível e tratados por veterinários de plantão.
Foi no Gasômetro que Marcelo Aguiar reencontrou a Perola, sua cachorra de 3 anos. O motorista de carro de aplicativo, de 38 anos, perdeu a casa onde morava na Ilha das Flores, às margens do Guaíba. Desde sexta-feira, estava tentando salvar a cadela.
A casa de Marcelo ficava três metros acima do solo e mesmo assim tomada pela agua. Segundo ele, Pérola ficou três dias sendo alimentada pelos socorristas, até que fosse possível retira-la do que restou da casa.
— Perguntei para o meu cunhado, quando ele estava na região onde eu morava e ele me disse que ela estava viva. Ai eu dei um jeito de salva-la, porque não tem jeito de ficar sem nosso bichinho, né? Não tenho nem palavras para expressar esse momento — disse.
Assim como aconteceu com a Pérola, as equipes de resgate também deixam ração para aqueles bichos que ainda não foram recolhidos, pois não cabiam nos barcos pequenos. Porcos, ovelhas e animais de grande porte também estão sendo salvos pelas equipes de voluntários.
Os profissionais e voluntários voltaram a Eldorado do Sul — uma das regiões mais afetadas — onde ficaram cerca de 13 cachorros, com seguranças armados, para continuar os resgates. Veterinários contaram ao GLOBO que os cachorros chegam assustados e já na triagem buscam carinho e pulam nos colos das pessoas que estão ajudando.
Após a triagem, os animais são levados para abrigos nos arredores de Porto Alegre. Os bichos que se encontram sem qualquer identificação, ou não são reivindicados por seus donos, serão colocados para adoção.
*Enviado especial
Fonte: O Globo