Buraco no ozônio afeta pinguins, baleias e focas na Antártica

Imagem produzida pela Nasa mostra as dimensões do buraco de ozônio sobre a Antárctica em novembro de 2023
Imagem produzida pela Nasa mostra as dimensões do buraco de ozônio sobre a Antárctica em novembro de 2023 — Foto: Nasa

Pinguins, baleias, focas e outros animais da Antártica estão sofrendo os efeitos da exposição à radiação UV devido a um prolongamento na duração do buraco de ozônio. Cientistas britânicos dizem que o aumento da incidência de radiação tem levado a mudanças na cadeia alimentar com impacto para aves e mamíferos marinhos.

O ozônio na alta atmosfera forma uma barreira que reduz a incidência de radiação solar nociva. Mas nos últimos dois anos um buraco voltou a se formar e tem se prolongado. A causa mais provável é que a quantidade brutal de fumaça lançada na atmosfera por incêndios florestais sem precedentes na Austrália, em 2019 e 2020, tenha afetado o ozônio.

Um estudo publicado na revista científica Global Change Biology mostra os danos à fauna antártica causados pelo aumento da radiação. Os incêndios foram provocados por uma seca associada às mudanças climáticas, dizem os autores da pesquisa.

A Antártica sofre perdas na camada protetora porque as baixas temperaturas associadas a um determinado padrão de nuvens na alta atmosfera fazem com que ocorram reações químicas que levam à degradação do ozônio.

A coordenadora do estudo, Sharon Robinson, da Universidade de Wollongong, na Austrália, explicou que a maior preocupação é a radiação UV-B. Ela pode provocar câncer de pele em seres humanos. No estudo, Robinson e seus colegas sugerem que o excesso de radiação tem feito o krill, minúsculo crustáceo que é a base da cadeia alimentar antártica, se deslocar para águas profundas. Pinguins e baleias que se alimentam do krill são afetados pelas mudanças no krill. A radiação também causa distúrbios no fitoplâncton do qual o krill se alimenta.

O buraco na camada de ozônio foi descoberto sobre a Antártica em 1985. A camada é rompida por gases clorofluorcarbonos (CFCs) que eram maciçamente usados, principalmente como refrigerantes. Pelo Acordo de Montreal, de 1987, países concordaram em deixar de usar CFCs e a camada foi se recuperando. Não à toa, o Acordo de Montreal é o mais bem-sucedido tratado ambiental do mundo.

O buraco foi se fechando e a camada foi praticamente recuperada. Porém, numa determinada área da Antártica ele reaparece todas as primaveras. E do ano passado para cá se mantém no verão, quando a maioria dos animais chega ao continente.

Fonte: O Globo

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