Bolsonaro deve disputar Presidência em 2026, diz presidente do PL

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou que o partido fará oposição ao governo Lula e que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, voltará a disputar o cargo em 2026. A declaração ocorreu durante entrevista coletiva ontem, onde o dirigente partidário falou sobre o futuro da legenda. Valdemar da Costa Neto, no entanto, disse que ainda vai aguardar o resultado do relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas para decidir se a legenda fará ou não o questionamento sobre o resultado do pleito.

Analisando o resultado da eleição, Valdemar da Costa Neto enalteceu a postura e a gestão de Jair Bolsonaro durante os quase quatro anos no comando do Executivo. Para ele, os resultados credenciam o presidente da República a liderar a oposição quando deixar a legenda. “Seremos oposição aos valores comunistas e socialistas. O presidente Bolsonaro devolveu ao nosso povo o orgulho de ser brasileiro, enfrentou uma crise mundial gerada pela pandemia (Covid-19) e pela guerra (Ucrânia) e ainda assim fez a nossa economia crescer, gerando empregos e oportunidades, colocando o Brasil entre as 20 nações que mais criaram empregos no mundo”.

Valdemar Costa Neto também avisou que o presidente passará a ocupar cargo na direção nacional da legenda, que no primeiro turno das eleições deste ano elegeu 99 deputados e 14 senadores. “Com certeza, candidato a prefeito ele não vai ser. Quatro anos não são nada. Ele será o nosso candidato a presidente em 2026. Não tenho dúvida“.

Segundo o presidente do PL, “o bolsonarismo está crescendo demais, está ficando maior do que Bolsonaro e isso temos que trabalhar”. O dirigente disse que se o Bolsonaro assumir a presidência de honra do PL fará todos os filiados felizes.

Eleições

A respeito de questionamento dos resultados das eleições no segundo turno, Costa Neto disse que é preciso “aguardar o relatório do Ministério da Defesa“, que será entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Amanhã (hoje) vão trazer alguma coisa e eu acho que, dependendo do que apresentarem, vamos brigar no TSE sobre os questionamentos que fizerem”.

Mesmo com o anúncio de que o partido será oposição ao governo que tomará posse em 1º de janeiro de 2023, pautas pontuais poderão ter o apoio do PL. “Conversei longamente com o presidente Bolsonaro, ele falou que todos esses assuntos têm que ser levados à bancada, e resolvermos juntos. Se é de interesse público e interesse do país, nós vamos votar a favor, mas tudo tem que ser muito resolvido junto”.

Valdemar Costa Neto destacou ainda que o partido deverá apoiar a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL), caso o congressista apoie um nome do PL para a presidência do Senado. “Vamos apoiar Arthur Lira com a garantia de que ele nos ajude e trabalhe para ter o nosso presidente do Senado. Temos que compor na Câmara para ter sucesso no Senado”.

No Senado, o PL desbancou o MDB, que há mais de três décadas, era o maior partido da Casa, e foi o maior vitorioso nas urnas. Dos 27 senadores eleitos, oito são do PL, enquanto o PT elegeu quatro.

Punição

Ainda há divergências nas bancadas eleitas do PL sobre como serão tratados os parlamentares que não seguirem a orientação da executiva e apoiarem pautas do novo governo. A ala mais ligada ao bolsonarismo defende punição aos parlamentares que não respeitarem as decisões da executiva.

A expectativa entre políticos governistas é de que a ala pragmática das bancadas do PL vai aderir gradualmente à agenda do Palácio do Planalto a partir da mudança de governo. “O poder de atração do Executivo é muito grande. Não tenho dúvida de que o bolsonarismo será minoritário no Congresso. A tendência é o PL ficar isolado”, afirmou o cientista político Carlos Melo, professor do Insper.

De acordo com Melo, após a vitória de Lula nomes sem experiência política eleitos na onda do bolsonarismo, como os ex-ministros Marcos Pontes (PL-SP), Sérgio Moro (União Brasil-PR) e Damares Alves (Republicanos-DF), tendem a ficar isolados das comissões mais importantes do Senado e distantes das articulações políticas. “Eles são relevantes no bolsonarismo, mas não no debate público nacional”, disse o professor.

Pelas contas de políticos da federação que engloba PT, PCdoB e PV, a base de Lula no Senado pode chegar a 51 senadores caso o presidente eleito feche acordo com outros partidos, incluindo siglas do Centrão.

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