Autor do Twitter Files Brazil cita “direito de fala” de nazistas

Michael Shellenberger foi convidado pela comissão da Casa Alta para debater as supostas “denúncias de censura à rede social X (antigo Twitter)” feitas pelo Judiciário brasileiro

O jornalista norte-americano Michael Shellenberger, autor do Twitter Files Brazil, afirmou nesta 3ª feira (16.abr.2024) ser necessário “defender os direitos dos nazistas, racistas e fascistas de falar”. Declarou que, com isso, será possível “debater e vencer as ideias ruins deles”.

O jornalista norte-americano deu a declaração em reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Eis a declaração:

“Existe um autor muito famoso, […] Noam Chomsky. Ele é um intelectual judeu. Ele defende o direito dos nazistas de falar. Eu entendo bem. O Brasil é um outro país. Vocês têm outras regras, construções diferentes. Mas eu ofereço isso só para dar uma perspectiva. A ideia de defender os direitos dos nazistas e racistas e fascistas de falar é que eles, sim, têm direitos que a gente precisa respeitar, mas a gente quer debater e vencer as ideias ruins deles”, declarou Shellenberger por videoconferência ao colegiado. 

Assista (1min44s):

Em entrevista ao Poder360, o jornalista dos EUA disse que a liberdade de expressão deve ter limites, mas que todos precisam ter “o direito de mentir”.

“Precisamos deixar as pessoas expressarem que a eleição não foi justa. Não concordo com [Donald] Trump [ex-presidente dos Estados Unidos], mas acho importante que as pessoas tenham liberdade de expressar sua opinião de que as eleições foram roubadas. Como vamos saber se houve uma eleição correta ou não? A liberdade de expressão tem limites, mas as pessoas precisam do direito de mentir”, afirmou.

Assista à entrevista completa (47min52s):

Em 3 de abril, Shellenberger publicou uma suposta troca de e-mails de funcionários do setor jurídico do X no Brasil de 2020 a 2022 falando sobre solicitações e ordens judiciais recebidas a respeito de conteúdos de seus usuários.

As mensagens mostrariam pedidos de diversas instâncias do Judiciário brasileiro solicitando dados pessoais de usuários que usavam hashtags sobre o processo eleitoral e moderação de conteúdo.

Shellenberger foi convidado pela comissão da Casa Baixa para debater as supostas “denúncias de censura à rede social X (ex-Twitter)” realizadas pelo Judiciário brasileiro. O jornalista, escritor e advogado especialista em direito constitucional dos Estados Unidos Glenn Greenwald também participou. O autor do requerimento foi o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na série de reportagens, Shellenberger criticou também o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Afirmou que o magistrado “lidera um caso de ampla repressão da liberdade de expressão no Brasil”.

Para o jornalista, Moraes emitiu decisões pelo TSE que “ameaçam a democracia no Brasil” ao pedir intervenções em publicações de membros do Congresso e dados pessoais de contas –o que violaria as diretrizes da plataforma. Os autos dos processos mencionados no caso estão sob sigilo.

O caso foi batizado de Twitter Files Brazil. O nome é uma referência ao Twitter Files originalmente publicado em 2022, depois que Musk comprou o X, em outubro do mesmo ano.

À época, Musk entregou um material a jornalistas que indicava como a rede social, nas eleições norte-americanas de 2020, colaborou com autoridades dos Estados Unidos para bloquear usuários e suprimir histórias envolvendo Hunter Biden, filho de Joe Biden, candidato à Presidência do país.

Os arquivos publicados por jornalistas incluem trocas de e-mails que revelam como o Twitter reagia a pedidos de governos para intervir na política de publicação e remoção de conteúdo. Em alguns casos, a rede social acabava cedendo.

No caso brasileiro, Musk não foi indicado como a fonte que forneceu o material. No entanto, o empresário escalou nas críticas a Moraes por dias.

Saiba mais:

Alexandre de Moraes determinou em 7 de abril ainclusão do dono do X como investigado no inquérito das milícias digitais, protocolado em julho de 2021 e que investiga grupos por condutas contra a democracia.

O ministro também abriu novo inquérito para apurar a conduta de Elon Musk. O magistrado quer que se investigue o crime de obstrução à Justiça, “inclusive em organização criminosa e em incitação ao crime”.

Um dia antes, em 6 de abril, Elon Musk perguntou por que o ministro Alexandre de Moraes “exige tanta censura no Brasil”. O empresário respondeu uma publicação do ministro no X de 11 de janeiro.

O comentário de Musk veio na sequência de acusações feitas pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger em 3 de abril. Segundo Shellenberger, o ministro tem “liderado um caso de ampla repressão da liberdade de expressão no Brasil”.

Os comentários críticos escalaram o tom e Musk disse que pensa em fechar o X no Brasil. Afirmou que divulgará as exigências de Moraes que violam leis. Também chamou o ministro de “tirano”, “totalitário” e “draconiano”. Declarou que o magistrado deveria“renunciar ou sofrer um impeachment”.

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Fonte: Poder360

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