Assassinos de Isabella Nardoni se separam, mas Jatobá mantém defesa e apartamento custeados pela família de Alexandre

Anna Jatobá e Alexandre Nardoni: separados
Anna Jatobá e Alexandre Nardoni: separados — Foto: Fotos de reprodução

Apesar de terem entrado juntos e de mãos dadas como padrinhos numa cerimônia de casamento há duas semanas, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não são mais um casal. Segundo amigos, os dois estão separados desde o ano passado, quando ela passou a cumprir pena no regime aberto. Ele, inclusive, teria voltado a se relacionar com a sua primeira namorada, uma mulher chamada Patrícia, de 45 anos.

Alexandre, 46 anos, e Jatobá, de 40, foram julgados e condenados em 2010 pelo assassinato de Isabella Nardoni, de 5 anos, ocorrido dois anos antes. A menina era filha de Alexandre com Ana Carolina Oliveira. Segundo a denúncia do Ministério Público, a madrasta iniciou a dinâmica do crime ao esganar a criança durante uma discussão com o agora ex-marido. Na sequência, ainda de acordo com os promotores, Alexandre usou uma tesoura para cortar a tela de proteção da janela e arremessou a própria filha do sexto andar. O crime chocou o país. Ele foi sentenciado a 30 anos de prisão, enquanto ela pegou 26. No entanto, os dois sustentam até hoje que são inocentes. Na versão do casal, um ladrão entrou na casa para roubar e acabou matando a criança.

Apresentados por amigos em comum, Alexandre e Jatobá se conheceram quatro anos antes do crime e tiveram dois filhos. Um deles teria testemunhado a tragédia, segundo relatos de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella. “Quando cheguei no prédio, a minha filha estava caída no gramado do prédio. Ela respirava bem devagarinho, mas estava viva. O seu irmãozinho (filho mais velho de Alexandre e Jatobá) tinha 3 anos na época. Ele estava do lado do corpo. Foi o meu irmão quem tirou a criança de lá”, contou em entrevista ao blog. Hoje, o filho mais velho de Alexandre e Jatobá tem 19 anos, e o mais novo, 17.

Quando foram presos, no dia 11 de abril de 2008, o casal Nardoni foi forçado a se afastar fisicamente. Para evitar que contassem versões diferentes no tribunal, o pai de Alexandre, o advogado Antônio Nardoni, assumiu a defesa dos dois e orientou que não detalhassem como foi o dia do crime para evitar contradição. Perto do julgamento, a família Nardoni contratou o criminalista Roberto Podval, um dos mais prestigiados e caros do país. A defesa milionária foi toda bancada pela família de Alexandre, o que se estende até hoje por conta da execução penal dos dois condenados.

Segundo amigos de Jatobá, mesmo separada de Alexandre, ela mantém a defesa 100% custeada pela família Nardoni. A intenção, de acordo com esses interlocutores, seria evitar que ela mude a versão do crime ou resolva contar o que realmente aconteceu no apartamento do casal 16 anos atrás.

Desde que saiu da Penitenciária de Tremembé, Jatobá tem contado com outras ajudas da família Nardoni para recomeçar a vida, incluindo para compra de alimentos e despesas com transporte. Foi o pai de Alexandre quem conseguiu um emprego para ela, já que ter ocupação é uma condição para o detento cumprir pena em liberdade. O apartamento onde Jatobá está morando com os dois filhos também foi cedido pelo pai de Alexandre.

Segundo fontes ligadas à família Nardoni, a separação de Alexandre e Jatobá ocorreu com o tempo em função do longo afastamento, já que ele cumpria pena na unidade masculina, e ela, na feminina. Apesar de ambas ficarem no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, as duas casas penais estão a cinco quilômetros de distância uma da outra. No início, o casal trocava cartas de amor quase toda semana. Mas, ao longo dos anos, as correspondências foram minguando.

Como cumpre uma pena quatro anos menor do que a do ex-marido, Jatobá obteve o regime semiaberto antes dele, tendo a primeira “saidinha” em agosto de 2017. Alexandre só foi alcançado pelo benefício de deixar a cadeia temporariamente no Dia dos Pais de 2019. Pela primeira vez em liberdade depois de um hiato de 9 anos, o casal se reencontrou em um posto de gasolina às margens da Via Dutra, no município de Taubaté. Flagrados por câmeras de televisão, Alexandre e Jatobá se cumprimentaram friamente e sem beijos, indicando que a relação já estava esfriando.

Embora sua pena só acabe em 2032, Jatobá ganhou o direito de cumprir o resto da sentença em liberdade em junho do ano passado. De lá pra cá, as evidências da separação do casal Nardoni só aumentaram. Exemplo: mesmo com o seu nome na lista de visitantes de Alexandre, ela nunca foi até Tremembé ver o pai dos seus filhos. No processo de execução de Jatobá há um boletim informativo atualizado em 13 de junho de 2022 onde está escrito “solteira” no campo destinado ao estado civil. Um ano antes, no mesmo documento, estava escrito “casada”.

A evidência mais forte da separação de Alexandre e Jatobá está nos documentos pessoais dela. Em sua sentença condenatória, nos primeiros apensos do processo de execução penal e nos documentos da Receita Federal, a madrasta de Isabella contém o sobrenome do marido (Anna Carolina Trota Jatobá Nardoni). No ano passado, ela foi ao cartório e mandou apagar o epíteto famoso, voltando a usar o nome de solteira (Anna Carolina Trota Jatobá).

Os dois filhos do casal aproveitaram a suposta separação dos pais para também alterarem o sobrenome e, assim, fugir do estigma do crime ligado à família. Os dois adolescentes retiraram o “Nardoni” do sobrenome, passando a ficar somente com o sobrenome da mãe e com o “Alves” do pai, já que esse último é mais comum. “Eles estavam passando constrangimentos na escola nas redes sociais”, conta uma professora do mais velho.

O blog procurou o escritório que defende os interesses da família Nardoni e de Jatobá e questionou se os dois estavam separados ou juntos. Os advogados deram como resposta que não comentariam a vida pessoal dos clientes.

Fonte: O Globo

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