Após suspense, Biden sinaliza que participará de debates com Trump na TV

Presidente dos EUA, Joe Biden, na pista do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York
Presidente dos EUA, Joe Biden, na pista do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta sexta-feira que está disposto a participar de debates com seu rival na disputa pela Casa Branca em novembro, o republicano Donald Trump. Foi a primeira vez em que o democrata confirmou a intenção de debater com seu oponente no atual ciclo eleitoral, no momento em que Trump usava a relutância de Biden como argumento para atacá-lo.

Em entrevista ao radialista Howard Stern, Biden foi questionado sobre os debates, e respondeu de maneira franca.

— Eu estou [disposto a debater], em algum lugar, não sei quando, mas estou disposto a debater com ele — disse Biden.

Apesar dos debates serem um elemento esperado em disputas eleitorais não apenas nos EUA, mas em votações de qualquer tipo, até em nações com credenciais democráticas questionáveis, a presença de Biden não havia sido confirmada por seus assessores até agora.

Em março, logo depois da sequência de vitórias na Super Terça, que ajudou a confirmar sua indicação para a chapa republicana à Presidência, Trump disse em sua rede social, o Truth Social, que estava disposto a debater com Biden “a qualquer hora e em qualquer lugar”, e que seria importante “para o bem do país”, que os dois discutissem temas “que são vitais para os EUA e o povo americano”.

Dias depois, Biden, ao ser questionado por um repórter sobre o tema, deu uma resposta dúbia.

— Vai depender de seu comportamento — afirmou. Em declarações à Bloomberg, o porta-voz da campanha do democrata, Michael Tyler, disse que essa era “uma conversa que teriam em um momento apropriado do ciclo [eleitoral].

No X (antigo Twitter), sobre a intenção de Biden de debater, um dos assessores da campanha de Trump, Chris LaCivita, “comemorou” o anúncio, mesmo que não oficial.

“Ok, vamos marcar!”, disse na rede social nesta sexta-feira.

Realizados ininterruptamente desde 1976 — houve debates anteriores, como entre Richard Nixon e John Kennedy, em 1960, mas com outro modelo —, os debates entre os candidatos à Presidência são considerados elementos-chave na campanha, e um bom ou mau desempenho podem afetar o desempenho de um candidato nas urnas. No atual ciclo eleitoral, estão previstos três debates, nos dias 15 de setembro e 1º e 9 de outubro, todos transmitidos ao vivo.

Trump já concordou em participar e tem usado o palanque para pressionar Biden a confirmar presença. O republicano não menciona, contudo, sua ausência de todos debates entre os pré-candidatos do próprio partido durante as primárias.

— Veem aquele púlpito? — disse Trump, em comício na Pensilvânia, no começo do mês. — Estou chamando o desonesto Joe Biden para debater comigo a qualquer momento e em qualquer lugar.

A pressão por uma confirmação de Biden veio também de cinco redes de TV americanas — CNN, CBS, CNN, NBC e Fox News: em carta às duas campanhas, obtida pelo New York Times, as emissoras pedem que os candidatos “se comprometam publicamente com a participação nos debates da eleição geral antes da votação de novembro”.

“Os debates eleitorais têm uma rica tradição em nossa democracia americana, e tiveram papel vital em cada uma das eleições nos últimos 50 anos, desde 1976. Em cada uma delas, dezenas de milhões [de pessoas] acompanharam as TVs para ver os candidatos debaterem lado a lado, em uma competição de ideias, pelos votos dos cidadãos americanos “, diz a carta.

Segundo o New York Times, citando fontes da campanha do presidente, há queixas entre os democratas sobre o formato das discussões e, especialmente, sobre o não cumprimento de regras por parte de Donald Trump.

Em 2020, assessores de Biden acusaram Trump de participar presencialmente do primeiro debate da última eleição mesmo depois de testar positivo para Covid-19, algo que o republicano nega. O segundo debate daquela eleição, previsto para outubro de 2020, foi cancelado depois que Trump negou o modelo de disputa virtual — na noite prevista para o duelo, cada um protagonizou um programa (sozinho) em redes de TV diferentes.

Fonte: O Globo

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