Com exemplares de ovos de chocolate Caribe esgotados, a Nestlé, dona da marca do bombom, comunicou na última semana que não teria mais a produção da guloseima de Páscoa neste ano. Logo em seguida, um mercado paralelo começou nas redes, com donos do ovo original conseguindo revendê-lo por preços altíssimos em relação aos R$ 39,99 originais, podendo chegar a mais de R$ 500.
Fãs da marca tiveram que se contentar com os tradicionais bombons ou buscar outro produto que misture doce de banana com chocolate, como é o Caribe. Para bons empreendedores, está aí uma oportunidade de atender uma demanda ávida.
E foi o que fez o doceiro Antony Clark, de 23 anos. Ele virou um destaque em Belo Horizonte ao vender ovos de chocolate artesanais com um sabor que imita o do bombom Caribe, sensação da Páscoa por causa das redes sociais. Ele usou esse mesmo canal para anunciar seus produtos e viu as encomendas dispararem.
O ateliê Gastronômico Hermes, negócio comandado por Antony, lançou uma linha de ovos de colher com recheios que homenageassem a culinária brasileira. A lista tem sabores como Abacaxi caramelizado, cocada, compota de jabuticaba e também o do bombom Caribe.
— Eu tive a ideia de inovar e trazer sabores que saíssem sempre dessa rotina de ovo de Páscoa tradicional, como Ninho, Nutella e Ferreiro Rocher. Por isso eu quis homenagear a culinária brasileira com a linha Brasileiríssimos. E lembrei do bombom Caribe, que combina com a linha. Ele é muito controverso. Há quem ame, há quem não goste e deixa por último na caixa. Ainda assim, a banana e o cacau juntos geram um sabor muito brasileiro — disse o cozinheiro ao GLOBO.
A linha de sabores foi escolhida por Clark ainda no ano passado, mas o cozinheiro conta que após esgotarem-se os ovos da Nestlé, começou a ser procurado por muita gente que descobriu que ele tinha um similar no cardápio. A repercussão nas redes sociais provocou um boom em suas vendas, descreve Clark:
— Além de ter esgotado (o original), o pessoal que estava esperando para comprar teve notícias de pessoas vendendo por R$ 400, R$ 300. Então, da semana passada pra cá, teve um aumento considerável nas minhas encomendas.
O doceiro, que faz entregas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, conta que já teve pedido de outros estados também. Ele diz ter vendido mais de cem unidades de ovos recheados nas últimas semanas, mas admite que, com tantas encomendas, acabou não conseguindo contabilizar a produção.
Para chegar à receita da sua versão do ovo Caribe, Clark diz que foi fazendo experimentos, juntando cacau, banana e pedaços do bombom original para compor o recheio.
— Como é a minha leitura, tem o sabor e pedados do bombom, mas também alguns detalhes que são o meu diferencial. O meu é um ovo recheado, trufado. São propostas diferentes — contou o doceiro.
Clark começou a vender doces em 2021, para ajudar a compor a renda na época em que cursava a faculdade de Direito. Formado, teve dificuldade para encontrar estágio durante a pandemia e acabou focando nos doces como atividade principal. Virou empreendedor.
— Só comecei o ateliê no quinto período da faculdade. Na época, eu precisava fazer uma renda e nenhum escritório estava contratando. Eu estava no segundo ano de pandemia e como sempre amei cozinha e cozinhar, resolvi fazer doces. Acabou que deu tão certo o ateliê que fiquei muito tempo sem fazer estágio. O comércio cresceu, virou empresa e fiz CNPJ. Só fui procurar um estágio novamente no último período da faculdade — disse Clark.
Nas redes sociais da Nestlé e da Garoto — criadora do Caribe que foi comprada pela multinacional suíça —, muitos comentários são de internautas pedindo para manter a produção. A marca informou estar surpresa com o sucesso de vendas, atribuído ao fato de que o produto tem uma “história dentro da Garoto”. O Caribe é o bombom mais vendido da empresa, de acordo com a Nestlé.
“Desde que foi anunciado, o ovo já tem gerado um buzz entre seus fãs e atribuímos esse sucesso do Caribe ao fato de ele ser um bombom diferenciado, que já tem uma história dentro da Garoto, com tradição que envolve a brasilidade de misturar banana com chocolate de forma inovadora”, informou a empresa em nota.
(*Estagiário sob supervisão de Danielle Nogueira)
Fonte: O Globo