Após ataques contra refinarias na Rússia, 20 pessoas morrem em bombardeios russos em Odessa

Bombeiros fazem operação de busca em escombros de prédio atingido por mísseis russos em Odessa
Bombeiros fazem operação de busca em escombros de prédio atingido por mísseis russos em Odessa — Foto: Serviço de Emergência da Ucrânia / Divulgação

Uma série de bombardeios russos contra a cidade portuária de Odessa, na costa do Mar Negro, deixou 20 mortos e mais de 70 feridos nesta sexta-feira. As ações vêm na mesma semana em que drones ucranianos provocaram estragos em refinarias de petróleo dentro da Rússia, e no dia em que os eleitores começam a ir às urnas na eleição presidencial, provavelmente a ser vencida por Vladimir Putin.

Em publicação no Telegram, o Serviço de Emergências da Ucrânia afirmou que a primeira série de mísseis atingiu a cidade por volta das 11 da manhã, pelo horário local, 6 da manhã pelo horário de Brasília. Quando as equipes de resgate chegaram ao local do impacto dos projéteis para iniciar a busca por vítimas, novos mísseis atingiram a mesma área, deixando ao menos um socorrista morto.

“Infelizmente, também temos perdas entre o pessoal da Polícia Nacional. Lutadores fortes e destemidos. Sem números, mas com muito respeito por cada falecido”, disse, no Telegram, Ihor Klymenko, ministro do Interior ucraniano.

O impacto ainda “danificou 10 residências particulares, um posto de gasolina, um gasoduto de baixa pressão e 2 viaturas de bombeiros e resgate” e um edifício de três andares, segundo o Serviço de Emergências do país. Os mísseis teriam sido, de acordo com Kiev, lançados a partir da Crimeia, uma península anexada por Moscou em 2014.

A conquista de Odessa, cidade fundada por Catarina, A Grande, e considerada parte da Rússia por Putin, era um dos principais objetivos dos primeiros dias da guerra, uma vez que poderia viabilizar o controle completo da costa do Mar Negro. Ao ver os planos iniciais frustrados, Odessa passou a ser atacada quase que diariamente por mísseis, provocando danos em áreas residenciais — como nesta sexta-feira —, comerciais e na infraestrutura portuária e de transporte local.

Nas últimas semanas, a cidade tem sido bombardeada de maneira excepcional pelos russos, deixando ao menos 34 mortos, contando com as vítimas desta sexta-feira. Os militares russos tampouco parecem se importar com a presença de dignatários estrangeiros: no fim do mês passado, a ministra das Relações Internacionais da Alemanha, Annalena Baerbock, precisou ir ao abrigo do hotel onde estava na cidade após um alerta de ataques aéreos — pouco depois, ela precisou cancelar às pressas uma visita a Mykolaiv, uma cidade nos arredores de Odessa, após um drone de identificação russo ser avistado por sua equipe de segurança.

No dia 7 de março, outro momento de alto risco: o premier grego, Kyriakos Mitsotakis, acompanhava o presidente Volodymyr Zelensky em uma visita por uma área de armazéns quando um drone de ataque russo atingiu um prédio a pouco mais de 200 metros de onde eles estavam. O incidente foi condenado por governos europeus e dos Estados Unidos.

Não está claro se a ofensiva desta sexta em Odessa foi uma resposta de Moscou à série de ataques com drones ucranianos contra refinarias de petróleo dentro da Rússia: ao menos quatro unidades sofreram danos, incluindo em Ryazan, Kirishi e Norsi, responsáveis por boa parte do refino de petróleo bruto na Federação Russa.

Os danos levaram à suspensão de parte das atividades, mas as autoridades não declararam se isso provocará algum tipo de prejuízo a curto ou longo prazo no fornecimento. Em publicação no Telegram, nesta sexta-feira Zelensky disse que continuará atacando aqueles que considera ser os “pontos mais vulneráveis” da Rússia, onde poderá causar “maiores danos”.

“Quanto mais o Estado russo perder e quanto maior for o preço da sua agressão, mais próximo estará o fim justo desta guerra”, disse o líder ucraniano.

Segundo as autoridades russas, foram interceptados drones sobre Bryansk, Voronej, Kursk, Ryazan, São Petersburgo e Belgorod, cidade na fronteira que tem sido alvo de ataques de artilharia e “tentativas de sabotagem” ucranianas, de acordo com o Kremlin.

— Tenho certeza de que nosso povo responderá a isso com ainda maior unidade. Quem eles decidiram intimidar? O povo multinacional da Rússia? Isso nunca aconteceu e, tenho certeza, nunca acontecerá. (…) Esses ataques não ficam e não ficarão impunes — disse o presidente Vladimir Putin, durante reunião do Conselho de Segurança da Rússia, citando ainda as supostas ações de sabotagem. — Desde o dia 12 de março até hoje, o inimigo, utilizando forças especiais, mercenários estrangeiros e forças de apoio das Forças Armadas da Ucrânia , fez diversas tentativas de consolidação em nosso território. (…) Não teve sucesso em nenhuma das direções, foi alvejado de todos os lados e retirou-se, ou melhor, fugiu com pesadas perdas.

Fonte: O Globo

© 2024 Blog do Marcos Dantas. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.