Ao menos 22 pessoas morrem em ataque próximo a abrigos de deslocados no sul de Gaza, diz Cruz Vermelha

Um homem passa pelos restos de tendas destruídas no dia seguinte ao ataque na área de al-Mawasi, a noroeste da cidade palestina de Rafah
Um homem passa pelos restos de tendas destruídas no dia seguinte ao ataque na área de al-Mawasi, a noroeste da cidade palestina de Rafah — Foto: RABIH DAHER / AFP

Ao menos 22 pessoas foram mortas e mais de 50 ficaram feridas num bombardeio próximo à área onde centenas de deslocados palestinos se refugiam em al-Mawasi, comunidade costeira no sul da Faixa de Gaza, perto da cidade de Rafah, afirmou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na sexta-feira. A declaração do CICV não apontou um responsável pelo ataque, que também danificou as estruturas de seu escritório na região, mas descreve “projéteis de grande calibre”, sugerindo os tipos de armas utilizadas por Israel e não pelo Hamas.

“Disparar tão perigosamente perto de estruturas humanitárias coloca em risco a vida de civis e humanitários”, alertou o grupo no X (antigo Twitter). O CICV ainda chamou o ataque de “grave incidente de segurança”, um dos vários que sofreu nos últimos dias.

Mais tarde, o Ministério da Saúde do território, controlado pelo grupo terrorista Hamas, culpou Israel pelo ataque. Os militares israelenses, por sua vez, afirmaram que sua análise inicial não mostrou “nenhuma indicação” de um bombardeio na região.

Rafah, que faz fronteira com o Egito, tem sido o ponto focal da campanha militar israelense desde o início de maio. Cerca de um milhão de pessoas deslocadas de outras partes de Gaza aglomeraram-se na cidade desde o início da guerra, em 7 de outubro, após o ataque do Hamas no Sul de Israel.

Quando a ofensiva terrestre israelense começou na região, as Forças Armadas ordenaram que as pessoas se deslocassem para a área humanitária expandida em al-Mawasi, designada como uma “zona segura”, enquanto intensificavam suas operações no sul do enclave. Segundo as Nações Unidas, as instalações na área são inadequadas para as centenas de milhares de habitantes de Gaza desalojados pela violência em Rafah e em toda a Faixa de Gaza.

Enquanto isso, depois de meses de escalada de violência ao longo da fronteira norte de Israel com o Líbano, o chefe das Nações Unidas, António Guterres, alertou na sexta-feira que “o risco de agravamento do conflito no Oriente Médio é real e deve ser evitado”. Falando a repórteres em Nova York, Guterres disse que “um movimento precipitado” de Israel ou do Hezbollah, grupo libanês apoiado pelo Irã, poderia desencadear uma “catástrofe que vai muito além da fronteira e, francamente, além da imaginação”.

Aliado do Hamas, o grupo reivindicou uma série de ataques contra tropas israelenses e posições perto da fronteira na sexta-feira, incluindo dois usando drones. Por sua vez, o Exército israelense disse ter realizado vários ataques de retaliação nos últimos dois dias.

Jatos israelenses atingiram na sexta-feira uma “estrutura militar do Hezbollah na área de Khiam, um posto militar do Hezbollah na área de Meiss al-Jabal e uma infraestrutura terrorista do Hezbollah nas áreas de Taybeh e Tallouseh no sul do Líbano”, disse o exército em um comunicado.

Em meio à escalada de conflito entre Israel e o Hezbollah e os temores de uma guerra mais ampla na região, os militares de Israel disseram na terça-feira que os planos para uma ofensiva no Líbano foram “aprovados e validados”.

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por sua vez, afirmou recentemente que “nenhum lugar” em Israel “seria poupado de nossos foguetes” em uma guerra mais ampla, e também ameaçou o vizinho Chipre, membro da União Europeia (UE).

A violência na fronteira com o Líbano começou após o ataque do Hamas ao sul de Israel em outubro, que resultou na morte de 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais. Eles também capturaram reféns, 116 dos quais permanecem em Gaza, embora o Exército de Israel afirme que 41 estão mortos.

Em resposta ao ataque, a ofensiva retaliatória de Israel já matou pelo menos 37.431 pessoas no enclave palestino, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Fonte: O Globo

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